Dentro dos próximos 15 dias a prefeitura de Itajaí pretende retomar, a todo o vapor, as obras do novo Mercado do Peixe. O projeto estava praticamente parado, sendo tocado a passos lentos há mais ou menos 35 dias, porque precisou ser revisto pela empresa que o elaborou em virtude de um erro na estrutura. Uma viga estava tirando a visão do rio, comprometendo a veia turística da proposta. Com a reformulação e o reinício da construção, a prefeitura estima que até novembro deste ano a nova locação, que ficará no terreno da antiga Sul Atlântico, esteja pronta.

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Os comerciantes que estão instalados no Centro de Abastecimento Paulo Bauer, atual mercado, esperam poder adiar ao máximo a relocação para o novo endereço. Quem quiser ocupar um box no novo mercado terá de participar de uma concorrência pública, cujo edital o município espera lançar agora em setembro para que a licitação possa ocorrer em outubro.

Os padrões desse processo licitatório ainda não foram firmados, mas os donos de bancas esperam ter que desembolsar mais do que gastam atualmente para poder entrar na disputa. Dono de uma banca de pescados há 10 anos, José Antonio Vicente, 61 anos, acredita que a mudança poderá encarecer o produto. Ele, assim como grande parte dos comerciantes, diz que o novo mercado não terá espaço para que os peixes sejam limpos na hora.

_Vai ter que trabalhar com tudo embaladinho e congelado e isso é mais caro. Além do que as pessoas que vêm aqui querem levar peixe fresquinho _ afirma.

Aos 80 anos, Alcides Bittencourt não tem mais ânimo para mudar o estabelecimento e se adaptar às exigências que podem surgir na próxima licitação. Ele criou quatro filhos com o dinheiro do box de pescados que pertence à família há 54 anos e não esconde a esperança de que a obra prevista pela prefeitura não decole.

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_ Eu rezo pra Deus para que a gente não tenha que sair daqui. Porque isso seria muito ruim, eu não teria condições _ conta.

A filha de seu Alcides, Roseli do Nascimento, compartilha o mesmo sentimento do pai. Mas como vive da renda da banca, deve participar da concorrência pública se essa for sua única opção.

O secretário de Pesca de Itajaí, Agnaldo dos Santos, não descarta a possibilidade de os comerciantes passarem a ter despesas maiores caso passem pela concorrência e se fixem no novo endereço. E esse acréscimo pode interferir no preço final do produto.

_ Tudo tem um custo, é uma estrutura nova, moderna. Mas quem gosta do Mercado do Peixe vai continuar indo ao mercado, só que vai contar com ar-condicionado e outros confortos _ garante.

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Por outro lado, Agnaldo dos Santos afirma que os produtos comercializados terão as mesmas características: pescado fresco e limpo na hora. Assim, pessoas como o empresário Guilherme Zanini, 32 anos, que saiu de Blumenau na tarde de ontem para buscar em Itajaí frutos do mar para fazer uma paella, continuarão sendo fregueses fieis do local.

A licitação para ocupação dos boxes da nova estrutura será aberta a todos que desejem participar. Os donos de banca no antigo mercado não terão qualquer tipo de favorecimento e por enquanto ainda não se sabe quando será cobrado pela concessão. Atualmente, os comerciantes ocupam locais adquiridos há anos e possuem uma associação, que cuida do local.

O que prevê o projeto

Piso térreo:

32 boxes de venda de peixe

16 salas para comércio diversificado

escritório para administração

banheiros

Piso superior:

praça de alimentação.

Mercado Público terá nova licitação

Com a desocupação do Centro de Abastecimento Paulo Bauer, a dúvida da população é sobre que o será feito na área. O prédio pertence ao município, mas como não é patrimônio histórico poderá ser demolido. Por enquanto há algumas especulações, como a criação de uma museu, mas uma decisão só deve ser tomada a partir do próximo ano, quando a prefeitura espera ter desocupado a área e deve ter terminado a revitalização do Mercado Público, que fica ao lado.

A licitação para a segunda etapa de obras do mercado está tramitando. Já foram resolvidos os problemas de infiltração, cobertura e elétrica do prédio e estão faltando pisos, esquadrias, forros, além do entorno. A obra toda está orçada em R$ 700 mil e serão usados recursos exclusivos do município.

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Também será aberta uma nova licitação para ocupação do Mercado Público, pois a primeira não preencheu todas as vagas. Há espaço para uma cafeteria, uma revistaria e a uma loja de artesanato, que a Fundação Cultural estuda transformar em restaurante, devido a não procura. A expectativa é de que tudo esteja pronto até dezembro deste ano.