A prefeitura de Itajaí fez ontem a reintegração de posse em uma área invadida no Bairro Itaipava, região do futuro Polo de Inovação. A ação atendeu ordem judicial e foi executada com apoio de diversas secretarias e das polícias Militar e Civil. Cerca de 30 pessoas de seis famílias foram retiradas do local. Quem não tem para onde ir ficará alojado em abrigo provisório no Bairro Cordeiros, até ser incluído em algum programa habitacional do poder público. A operação começou por volta das 8h com auxílio de sete oficiais de Justiça, e os posseiros não apresentaram resistência.
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Os moradores residiam irregularmente na área desde 2004, e segundo o secretário de Obras de Itajaí, Tarcizio Zanelatto, a prefeitura já tinha tentado de todas as formas retirar as famílias de maneira amigável. Como não foi possível, a administração municipal entrou com processo na Justiça e conseguiu a ordem para reintegrar os terrenos. A primeira liminar saiu em junho, mas foi apenas um único morador. As autoridades, então, precisaram aguardar que a determinação fosse para todos, o que ocorreu no início desta semana.
_ Algumas pessoas alegam que gastaram mais de R$ 100 mil em investimentos na propriedade, mas todos tinham consciência que aquilo era uma área pública _ diz Zanelatto.
A ação de reintegração de posse já vinha sendo organizada há dias, com reconhecimento da área pela Defesa Civil e Polícia Militar. Além dos oficiais de Justiça a força-tarefa contou com assistentes sociais, fiscais da prefeitura, psicólogos, enfermeiros, médicos e vários equipamentos e veículos, como máquinas retroescavadeiras, caminhões-caçamba, camionetes e kombis para transporte de mudança e ambulâncias para eventuais necessidades.
_ Foi uma ação muito bem organizada, com todos os cuidados. As famílias foram e retiradas e todas as casas já demolidas _ destaca o secretário de Obras.
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_ Ter familiar na região não significa obrigatoriamente que tem abrigo, então a prefeitura dará todo o apoio _ garante Zanelatto. A reportagem do Sol Diário tentou entrar em contato com representantes das secretarias de Habitação e Desenvolvimento Social de Itajaí para saber mais detalhes sobre as ações previstas, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.
À espera de um lar
Por enquanto, sem rumo. É assim que a dona de casa Gilda Miranda, 62 anos, se encontrava ontem no ginásio do Bairro Cordeiros. Acolhida temporariamente no local, a senhora ainda não tem para onde ir após ser retirada do Bairro Itaipava. Pega de surpresa na reintegração de posse feita pela prefeitura, ela lamenta a perda da residência, mas admite que os moradores da área sabiam que estavam morando irregularmente.
_ A gente sabia que o terreno era da prefeitura, não vou dizer que não. Mas agora só Deus sabe o que vai ser da gente _ diz. Dona Gilda morava na área há cinco anos com o marido, dois filhos e três netos _ todos estudantes do agora antigo bairro. Na nova moradia provisória, ela garante que foi bem tratada por todos, da polícia aos funcionários da prefeitura. Esperançosa, ainda que sofrendo com a ação de ontem, a dona de casa conta que as assistentes sociais disseram que vão encontrar outro lugar para os desabrigados.
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_ Minha casa era novinha, faz quatro anos que construí. Não sei o que vão fazer, precisamos de outro lugar para viver _ completa.