A auxiliar de confeitaria Simone Goes, 37 anos, teve poucas horas para definir onde irá morar e criar as duas filhas. Às 7h de quarta-feira, acordou com o barulho de máquinas da prefeitura, que estavam prontas para derrubar a casa onde ela morava, na Rua Vila Nova, no Loteamento Jardim Primavera, a Favela da Marinha, no Bairro Bela Vista, em Gaspar. Só deu tempo de Simone trocar de roupa e ver o que estava acontecendo. Ela sabia que teria de deixar a casa, mas não tão repentinamente.

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– Levantei correndo e fui procurar uma casa. Quando vimos, as máquinas estavam prontas para demolir.

>> Assista ao vídeo da demolição das casas

Devido a um problema burocrático, o local, antes previsto pela prefeitura para ser ocupado pela família, teve de ser deixado de lado e Simone precisou sair às pressas em busca de outra moradia. Na Rua Vila Nova, onde ficava a casa de Simone e de mais sete famílias, serão construídos dois blocos do programa Minha Casa Minha Vida. A ordem de serviço foi assinada quarta-feira. A obra habitacional é o primeiro passo da reurbanização da área ocupada irregularmente na década de 1980.

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Considerado pelas polícias Civil e Militar um dos principais pontos de tráfico de drogas da região e reduto da facção criminosa PGC, o local passará por melhorias por 18 meses.

Prevendo problemas para os funcionários da prefeitura durante as demolições, a Polícia Militar (PM) participou da ação quarta-feira de manhã com 20 policiais de Gaspar, Blumenau e Brusque. Fortemente armados, os militares acompanharam toda a ação. O tenente responsável pelo trabalho da PM na comunidade, Ciro Adriano da Silva, explicou que a intenção foi de preservar a integridade dos servidores que fizeram as demolições.

Área foi cercada para evitar novas ocupações

Segundo a secretária de Planejamento Urbano de Gaspar, Patrícia Scheidt, os moradores foram avisados com antecedência, em reuniões. Seis das oito famílias que tiveram as casas demolidas quarta-feira irão ocupar apartamentos que serão construídos no mesmo local. Enquanto esperam a obra ficar pronta, receberão o aluguel pago pelo município em outros pontos da cidade. As outras duas famílias que tiveram as casas derrubadas vão para terrenos cedidos pela prefeitura.

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– A nossa maior dificuldade entre hoje (quarta-feira) e segunda-feira, quando começam as obras de terraplanagem nos terrenos onde estavam as residências, é evitar que ocorram novas ocupações – teme a secretária.

Para evitar problemas, a empresa Sulbrasil, que construirá os prédios, cercou a área.