Somente 27 dos 150 alvarás para construções concedidos no último semestre de 2012 em Florianópolis não tem problemas, segundo relatório divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU).
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A reavaliação dos processos, resultado de 200 horas de trabalho da comissão comandada pelo secretário Dalmo Vieira Filho, levou a administração municipal a anular 33 alvarás e suspender temporariamente 90 empreendimentos. O prejuízo, nas contas Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), se aproxima de R$ 500 milhões em três meses, tempo em que estão canceladas as concessões de alvarás para empreendimentos com mais de dois mil metros quadrados ou dois pavimentos.
– A farra acabou – disse o prefeito Cesar Souza Júnior (PSD) ontem.
Administração afirma que fiscalização será intensificada
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Identificados os problemas, que vão desde o uso irregular da área até a falta de licenças, a administração municipal anunciou o endurecimento das regras para a autorização de novas obras na cidade. O decreto que suspendeu a análise dos pedidos de novos alvarás perdeu a validade ontem.
A partir de agora, baseados no atual Plano Diretor e no Código de Obras, os técnicos da administração municipal vão levar em conta questões como o impacto ambiental e a mobilidade urbana na hora de dar o aval para o início de uma obra. Questões de vizinhança, como a falta de vagas para o estacionamento, entram neste novo check-list.
Houve ainda o anuncio de que, até a aprovação do novo Plano Diretor de Florianópolis, não serão autorizadas novas obras na Lagoa da Conceição. A medida, na prática, é válida para as construções com mais de dois mil metros quadrados e com mais de dois pavimentos.
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O Sinduscon aprovou o cerco às obras irregulares, mas criticou as medidas, consideradas pouco claras.
– Os critérios têm de ser melhor definidos. Não podemos simplesmente dizer que uma área acima de dois mil metros é mais ou menos prejudicial do que uma de mil metros ou menos. Se não pode construir, não pode construir nem um metro – disse o presidente Helio Bairros.
O ex-prefeito Dário Berger (PMDB) não foi localizado para falar do caso.
Ponta do Coral fica só no papel
Na lista dos 33 alvarás anulados está o que autorizava a construção do Parque Hotel Marina Ponta do Coral. O empreendimento, do Grupo Hantei, prevê um investimento de cerca de R$ 350 milhões. Entre as razões para o cancelamento está a necessidade de realização de aterro de 35 mil metros quadrados em área da União.
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O pedido tem de partir da administração municipal, desde que a justificativa seja de que a intervenção é de interesse público. Ainda na gestão Dário Berger (PMDB), houve a solicitação de aterro, que acabou sendo negada pela Superintendência do Patrimônio da União em SC.
Parecer da Procuradoria do Município, pedido pelo prefeito Cesar Souza Junior, também apontou a falta de interesse público do projeto.
– A prefeitura não pode ser propositora de um aterro hidráulico para fins privados – disse o prefeito ao justificar a decisão de retirar o pedido de aterro e anular o alvará dado pelo governo passado ao Hantei.
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O grupo responsável pelo hotel não falou sobre o caso. Informou, via assessoria de imprensa, que ainda não foi notificado e convocou para o início da tarde de hoje uma coletiva.