Com a chegada de uma massa de ar polar e as primeiras temperaturas negativas do ano em Santa Catarina, a prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria de Assistência Social e da Defesa Civil, retomou o projeto de acolhimento de pessoas em situação de rua nas madrugadas geladas. Assim como em 2016, o ponto de apoio funcionará na Passarela Nego Quirido, quando a previsão meteorológica indicar temperaturas abaixo de 10ºC, e terá capacidade para atender 100 pessoas, das 19h às 7h.
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O serviço terá início na madrugada de quinta-feira e deve funcionar até a manhã de segunda-feira, quando a previsão do tempo indica temperaturas um pouco mais altas. Posteriormente, com novas previsões de baixas temperaturas, o serviço voltará a funcionar. De acordo com a secretária de Assistência Social do município, Katherine Schreiner, o ponto de apoio é basicamente um espaço onde os pessoas em situação de rua podem dormir abrigadas.
— Estamos fazendo a mobilização através da Abordagem Social para que os moradores de rua saibam do serviço. No local, não será oferecido comida ou banho, apenas um espaço para dormir e uma coberta. A entrada será feita a partir das 19h e saída até as 7h — afirmou Katherine Schreiner.
Segundo o diretor da Defesa Civil Municipal, Luiz Eduardo Machado, a repentina onda de frio não permitiu que o serviço de alimentação noturna fosse coordenado junto a ONGs de apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade, como foi feito no ano passado.
— Estamos no mês de abril, acabamos de sair do verão. Não estávamos contando com essa temperatura agora, por isso não conseguimos organizar a alimentação junto às ONGs que costumam dar apoio — disse Machado.
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Tão logo a prefeitura divulgou a prestação do serviço, a população se manifestou nas redes sociais em apoio à medida, mas houve quem criticasse a baixa oferta de vagas. De acordo com a contagem feita pela equipe do Instituto Padre Vilson Groh, que trabalha no auxílio a pessoas em situação de rua, apenas no centro da Capital são cerca de 250 indivíduos. Mas a decisão que causou mais polêmica foi a de abrir o local apenas quando as temperaturas estiverem abaixo de 10ºC.
— Estabelecer um tipo de cuidado pautado em um critério de temperatura é algo equivocado. Se a prefeitura está disposta a ajudar a população em situação de rua, é preciso encontrar maneiras de fazer isso. Em noites de 12, 13 e até mesmo 15°C, o frio já é intenso e pode causar hipotermia, agravar casos de tuberculose e desenvolver gripes, entre outros problemas de saúde — critica o profissional da medicina da comunidade e da família, Carlos Alberto Severo Garcia Júnior, professor de Medicina da Univali.
A Defesa Civil de Florianópolis afirma que a Secretaria Municipal de Assistência Social solicitou um estudo para estabelecer um critério de temperatura para a abertura do abrigo, baseado apenas no risco de morte súbita.
— Fizemos um estudo sobre “conforto térmico” e saúde. O linear foi estabelecido com fundamentação técnica sobre o risco de morte por hipotermia nas noites de frio, com base em históricos de óbitos em Santa Catarina, Paraná e São Paulo nos últimos anos. Não levamos em consideração o risco de morte a médio e longo prazo. Se a pessoa vai ter gripe, tuberculose ou bicho de pé, essa é uma questão que cabe às secretarias de Assistência Social e de Saúde — afirmou Machado.
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Até o fim do inverno, a Defesa Civil irá emitir alertas com a previsão do tempo e, se for o caso, os agentes municipais serão mobilizados para colocar o ponto de apoio em funcionamento.
Frio continua nos próximos dias
A previsão do tempo para esta sexta-feira indica que as temperaturas serão menores em comparação a quinta-feira em todas as regiões do Estado. De acordo com o meteorologista Leandro Puchalski, o dia será ensolarado e as temperaturas devem ser mais agradáveis entre o final da manhã e início da tarde, quando há previsão de 19 a 21ºC para boa parte das cidades catarinenses.
O ar seco e frio mantém o tempo ensolarado no sábado, ainda com frio pela manhã, mas com temperaturas não tão baixas quanto sexta-feira. Esse aquecimento será um processo gradativo, ou seja, apesar das manhãs serem frias, a cada manhã será menos intenso. Aos poucos, o ar frio vai perdendo força e se afastando. Outra consequência será o aumento de nuvens no domingo e na segunda-feira, dia 1º de maio.