Dois projetos escolhidos para a construção de uma marina e um parque urbano, a serem instalados na avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis, foram apresentados nesta segunda-feira pela prefeitura da Capital. Vista por especialistas como uma cidade até então de costas para o mar, um passo importante foi dado para reverter esse quadro e garantir o aproveitamento do potencial náutico de Florianópolis.

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Orçadas em R$ 65 milhões e R$ 88 milhões, as propostas serão custeadas pela iniciativa privada por meio do procedimento de manifestação de interesse (PMI). Elas ainda deverão passar pela análise de uma equipe multidisciplinar que, até o fim da semana, deve definir o modelo a ser construído.

Paralelamente, a proposta depende da tramitação na Câmara de Vereadores do projeto de lei para a concessão que definirá o tempo que a empresa vencedora da licitação poderá administrar o local. A estimativa da prefeitura é licitar em novembro e concluir a construção em até dois anos.

– São dois grupos consistentes que participam do projeto. Não teremos recursos públicos, tudo vai correr por conta dos empreendedores, teremos vagas públicas e um parque que será implementado – enfatiza o prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior.

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Projeto da AJX & Karolyne Soares
Projeto da AJX & Karolyne Soares (Foto: Setur / Divulgação)
Projeto da ARK7
Projeto da ARK7 (Foto: Reprodução / PMF)

Estudo qualificou local escolhido

Das cinco empresas habilitadas, apenas duas propostas se adequaram ao que a prefeitura exigia: uma marina integrada a um parque urbano. A construção está prevista para ser feita entre o trapiche da Beira-Mar Norte e o centro de tratamento de esgoto da Casan, centro da cidade.

A escolha do local, segundo o prefeito Cesar Souza, foi resultado de estudos que demonstraram viabilidade econômica, por conta da posição qualificada; uma menor complexidade ambiental, pelo fato de já ser uma região com entrocamento de pedras e pelas condições do fundo do mar, que necessita de poucas dragagens.

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– A proposta é que seja o mais enxuto possível, a gente prevê ali uma pequena administração, mais dois ou três espaços comerciais. E um parque com marina não é um novo centro comercial – disse o prefeito.

Um passo para o transporte marítimo

Para o especialista em setor náutico Amyr Klink, convidado pela prefeitura para avaliar os projetos, apesar de todo o potencial que Florianópolis oferece, a cidade não é voltada para o mar. Ele salienta ainda que a Beira-Mar é uma extensão de terra adicionada à cidade que terá a chance de se recuperar a conexão com o mar. Para Klink, a instalação de marina é um primeiro passo para a inserção no transporte marítimo.

– Sempre se falou que é um absurdo cidades como São José, Palhoça, Biguaçu e até mesmo a Capital não terem um sistema de transporte marítimo. Acho que a partir da marina, e ela contempla isso, com o terminal para embarcações de turismo e de transporte, vai haver uma demanda para isso. E finalmente Florianópolis vai poder se nominar uma cidade náutica, porque não é. Florianópolis é uma cidade que tem medo do mar, não tem atracadouro, não tem trapiche, só tem estradas aqui – considera.

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A secretária municipal de Turismo Zena Becker explica que a proposta da marina contempla um braço para o futuro transporte náutico e o local será também um terminal de passageiros que servirá de troca de tipo de transporte.

A ideia, segundo Zena, é que passageiros poderão vir da região continental de Florianópolis assim como de outros municípios por meio do transporte marítimo, e no local poderão se deslocar de bicicleta, ônibus ou mesmo a pé.

– Em Florianópolis todo mundo critica que não tem um lugar, um transporte náutico porque não temos um ponto de transbordo e vai ser ali – considera a secretária.

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Os projetos

Ambos os projetos, apresentados pelas empresas catarinenses ARK7 e AJX & Karolyne Soares, contemplam uma extensa área de lazer, com espaço para realização de eventos, estacionamento de veículos, quiosques, integração com modais (como às linhas de BRT e bicicletários), restaurante e loja de conveniência. Já na parte de marina, haverá as vagas molhadas para uso da iniciativa privada, bombas para abastecimento das embarcações e vagas públicas.