O assunto é antigo, mas parece ter ganhado um novo fôlego. Técnicos da prefeitura de Blumenau retomaram os estudos da ligação Velha-Garcia. O secretário Executivo do Programa de Mobilidade Sustentável e de Projetos Especiais, Paulo França, é quem está à frente do processo. Segundo ele, são duas frentes distintas de trabalho, mas não se excluem.
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Uma é a reabertura da Rua Willi Henkels, que liga as ruas Bruno Rudiger, no bairro Velha, e Antônio Zendron, no Distrito do Garcia. A outra alternativa é a construção de um túnel para ligar duas regiões com grande densidade populacional na cidade, de acordo com o responsável pela pasta.
A primeira opção é vista por França como uma solução pontual, que atenderia principalmente os motoristas das duas extremidades. Segundo o secretário, seguiria sendo uma estrada sem pavimentação e estreita. Precária, no entendimento dele.
Ainda assim, o município precisa saber quanto dinheiro seria necessário para conter o deslizamento de terra existente no local. Um valor considerado viável pelo governo municipal, que varia entre R$ 300 mil e R$ 500 mil.
Se confirmado o primeiro montante, por exemplo, uma verba anunciada no ano passado poderia ajudar. Os deputados estaduais Jean Kuhlmann e Ricardo Guidi, ambos PSD, destinaram por meio de emendas impositivas o total de R$ 300 mil, que já deveriam ter entrado no caixa da prefeitura. O recurso seria usado para colocar macadame, roçar e fazer algumas tubulações de drenagem, mas nunca chegou.
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Precisamos ter a informação para tomar a decisão. É viável a reabertura ou não? Se para restabelecer aquela ligação, por exemplo, tiver que fazer uma contenção de encosta de alguns milhões, ela fica inviável, pois temos outras prioridades. E porque não vai resolver uma demanda de mobilidade – argumenta França.
A segunda linha de trabalho, e considerada ideal pela administração, é a nova ligação Velha-Garcia. Um túnel em local a ser definido que teria condições de comportar de forma satisfatória o fluxo de veículos entre as duas regiões. Com essa obra seria possível tirar do Centro os condutores que fazem esse trajeto. A meta de França é concluir até o fim do primeiro semestre se as informações que existem na prefeitura são suficientes ou não para definir os rumos da obra.
– Estamos trabalhando em informações para estudar alguma coisa para concessão, parceria público-privada ou outra forma de viabilizar (a nova ligação) com o mínimo possível de recurso público. Por exemplo: é viável um túnel concessionado ali, pagando pedágio? É nisso que vamos chegar – explica o secretário.
Embora a prefeitura ainda não tenha o estudo de origem e destino – que vai mostrar como devem se movimentar os motoristas com a obra –, o secretário se mostra otimista quanto ao projeto da nova ligação. Ela seria uma solução de mobilidade definitiva com capacidade de equacionar o fluxo do trânsito nos dois bairros. Para isso, porém, é preciso estabelecer o local e a extensão do túnel, quesitos diretamente ligados ao valor da obra.
Possíveis traçados para o túnel
França explica que os traçados possíveis são desde um túnel próximo à Sociedade Desportiva Vasto Verde até a Rua Hermann Huscher, com algumas alternativas que podem ser com saída na região do antigo Hotel Viena ou da empresa Souza Cruz. Outra possibilidade seria perto do Parque Vila Germânica, na Rua Porto União, também com saída no entorno do extinto Hotel Viena. A primeira hipótese é vista pelo secretário como a mais vantajosa, pois faria integração com a Rua João Pessoa e o Corredor Estrutural Oeste.
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Agora estamos buscando dados para visualizar se existe condição para isso. Vai ser uma tarifa acessível? É isso que vai definir a questão da concessão. Ou não, é fora da possibilidade, não vai ter demanda para ressarcir o empreendimento. O que a gente tem hoje é uma solicitação do prefeito para que se estude essa alternativa da ligação Velha-Garcia, por enquanto sem aporte nenhum nosso – reitera França.

Relembre o caso
A ligação Velha-Garcia é um desejo antigo da comunidade e alvo de debate entre muitos governantes de Blumenau. A proposta começou a ganhar forma no Plano Diretor de 1977, quando se pensava em um traçado entre os bairros Velha e Bom Retiro. Pouco mais de 10 anos depois, o estudo foi refeito, recorda o ex-secretário de Planejamento Urbano de Blumenau, Alexandre Gevaerd. Ele participou dos estudos da nova rota a partir de 1989 e diz que naquela época se entendeu a necessidade de ligar o Garcia com o complexo da Humberto de Campos.
Em 1990, 1991, o Batalhão Ferroviário de Lages percorreu eventuais traçados conosco. Em 1996 institui-se o que entendemos hoje por ligação Velha-Garcia, com um braço no Bom Retiro. Na gestão do prefeito Décio Lima (PT) a gente fez o projeto executivo do primeiro trecho, da Velha ao Bom retiro, mas não se concretizou porque o estudo de impacto ambiental não foi aprovado e o governo estava chegando ao fim – relembra o engenheiro.
Em 2008, deslizamentos afetaram a região por onde passaria o traçado previsto pelo governo petista, além da própria Rua Willi Henkels ser prejudicada. De acordo com Gevaerd, há décadas os estudos apontam a ligação como fundamental para a mobilidade urbana da cidade. Ele reconhece os desafios a serem enfrentados para tirar a obra do papel, que vão desde recursos até os impactos ambientais, mas garante que assim como ocorreu com o Complexo do Badenfurt, são aspectos que podem ser mensurados e mitigados com diversas medidas.