A prefeitura de Blumenau descobriu nesta terça-feira que uma família proprietária de um imóvel com quatro quitinetes alugadas, renda mensal de R$ 2,8 mil e dona de uma moto e um caminhão vive na moradia provisória da Rua Bahia. O local é um dos seis galpões disponibilizados pelo município às vítimas da tragédia de novembro.

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Silvia Regina Bachmann, 42 anos, e Saul Rodrigues dos Santos, 39, receberam na tarde desta terça a intimação para deixar o abrigo. Até a noite, o casal e as duas filhas, de quatro e 12 anos, permaneciam no local.

A prefeitura descobriu o fato depois de receber denúncias da comunidade. A casa onde a família morava foi atingida durante a enxurrada. De acordo com secretário de Assistência Social, da Criança e do Adolescente (Semascri), Mário Hildebrandt, diante da suspeita, Rodrigues foi chamado e, ao ser questionado sobre os bens, negou. Nesta terça-feira, a prefeitura fez uma busca documental e confirmou a denúncia.

– As moradias provisórias são destinadas às famílias que perderam o único imóvel que tinham. Não vou aceitar que famílias façam uso de informações inverídicas para acessar benefícios que não têm direito – diz o secretário.

Segundo Hildebrandt, com a demanda elevada durante o processo de transferência dos desabrigados para as moradias provisórias, não havia como fazer uma busca documental de cada uma das 316 famílias que estavam nos abrigos. Segundo ele, em nenhum momento o casal disse que tinha outros bens. Agora, diante das denúncias, a Semascri está começando a fazer um novo levantamento. Hildebrandt afirma que mais uma família está sendo investigada. Para o secretário, não houve falha no procedimento:

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– A Semascri confiou no processo diante da situação de calamidade. Não imaginou que uma família se aproveitaria da situação. A grande maioria que está na moradia provisória não tem realmente onde morar.

Segundo Hildebrandt, um relatório sobre o caso será encaminhado para a Procuradoria Jurídica do município.

Para denunciar

156 ou através do 3326-6934, na Semascri

O que dizem Saul Rodrigues dos Santos e Silvia Regina Bachmann

O casal afirma que foi pego de surpresa ao receber a intimação para deixar o abrigo. Rodrigues confirma que é dono do imóvel que, segundo ele, tem três quitinetes alugadas. No entanto, diz que teve a casa onde morava com a família atingida durante a tragédia e que o imóvel alugado também foi danificado. Para consertá-los, pegou empréstimos e o dinheiro dos aluguéis é destinado para pagar o financiamento. Rodrigues afirma que não agiu de má-fé e que a prefeitura sabia dos bens que a família:

– Minha mulher falou das duas casas. Vou ver se consigo um advogado e vou atrás dos meus direitos.

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Rodrigues diz que, se for obrigado a sair do abrigo, alugará um imóvel. Quanto à renda mensal de R$2,8 mil e os veículos, ele afirma que o dinheiro é usado para pagar o financiamento e o caminhão é usado para o trabalho. A moto, segundo Silvia, foi adquirida com o dinheiro do FGTS dela.