Representantes da prefeitura de Balneário Piçarras vão a Brasília nos próximos 15 dias para tentar resolver os problemas dos acessos ao município pela BR-101. Em janeiro deste ano, a Autopista Litoral Sul, concessionária da rodovia, fechou a entrada principal da cidade e construiu outra alguns quilômetros antes. Desde então moradores e poder público têm se manifestado contrários às modificações, alegando que a segurança de motoristas e pedestres foi prejudicada.

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O governo municipal pediu que a empresa reabrisse o antigo acesso, mas como não houve acerto, a decisão foi procurar a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) diretamente na capital federal. A ideia é apresentar um projeto de acesso, que está sendo elaborado por uma empresa terceirizada e seria o “ideal” para a região.

Segundo o prefeito Leonel Martins, a intenção de buscar a solução com a ANTT surgiu depois das conversas iniciais com a Autopista. A empresa informou que o órgão federal é quem aprova os estudos de acessos feitos pela concessionária.

O posto da Agência Nacional em Itapema até chegou a ser procurado, mas a estrutura funciona apenas com ações de fiscalização, sem autonomia para discutir as análises de tráfego.

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– O que foi feito no acesso de Piçarras é um deboche para a cidade. Essas aprovações de projetos são feitas em gabinete, então vamos lá na ANTT mostrar um estudo técnico – afirma Martins.

Dificuldades

Um dos principais problemas em razão das mudanças na rodovia é a dificuldade para entrar na cidade, já que o próximo retorno fica distante cerca de dois quilômetros do novo acesso, no Bairro Bela Vista. Segundo a prefeitura muitos motoristas acostumados a trafegar pelo antigo caminho estão passando por cima dos canteiros e entrando na contramão, para não precisarem fazer o retorno mais à frente.

Outro transtorno aos moradores é o grande fluxo de veículos. Na recém construída entrada, próximo do Posto de Combustíveis Ale, o movimento aumentou nas últimas semanas.

Isso porque passam pelo trevo os automóveis que deixam a BR-101 para entrar em Balneário Piçarras, os motoristas que saem do Bairro Nossa Senhora da Paz sentido rodovia, os clientes do posto de combustível e mais o trânsito da marginal nos dois sentidos.

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A reportagem do Sol Diário entrou em contato com a Autopista Litoral Sul para comentar a situação no município, mas não houve retorno até a noite desta sexta-feira.

Nova entrada altera rotina de famílias às margens da BR-101

A morte de uma criança de seis anos na manhã da última segunda-feira, na marginal Leste da BR-101 de Piçarras, gerou ainda mais protestos da população sobre o novo acesso. Josué dos Santos Rodrigues, que vivia com a família à beira da estrada, estava atravessando a via com um irmão mais velho, de 14 anos, quando foi atingido por um Peugeot com placas de São Paulo.

O menino chegou a ser socorrido pelo motorista do automóvel, mas não resistiu aos ferimentos. Para Nelzita Terezinha Alves de Souza dos Santos, mãe de Josué e de outros cinco filhos, restou a dor pela perda no acidente trágico e o pedido de mais segurança para o trânsito do local.

– Agora sempre tenho medo que isso vai acontecer de novo. Desejo que mais ninguém precise passar por uma situação dessas – lamenta.

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Atualmente, oito famílias de baixa renda vivem na margem da estrada que, até dois meses atrás era de chão batido. Como o trecho não estava diretamente ligado à rodovia federal, ele recebia pouquíssimo tráfego.

Com o asfaltamento e a transformação da via em ligação principal para chegar até a Avenida Getúlio Vargas, o fluxo se intensificou – em uma área onde vivem muitas crianças. A reinvindicação dos moradores é pela instalação de equipamentos que reduzam a velocidade dos veículos ou pela remoção das casas do local.

– A ideia é indenizar as famílias, tirar essas pessoas daqui e levá-las para outro lugar por meio de programas habitacionais – destaca Katlin Franciele Dickel, coordenadora da Associação Caminhar Juntos, que faz trabalhos sociais com os moradores.