

Em Balneário não deve ser diferente. O secretário de Turismo, Miro Teixeira, diz que apresentou a ideia ao Conselho Municipal de Cultura ainda em janeiro, e que recebeu apoio da maioria. A prefeitura começou então a fotografar todas as manifestações de arte urbana. Nas próximas semanas terminará o levantamento, que vai dizer o que foi feito em área pública com autorização do município, o que não foi, e vai enviar ofícios aos donos dos imóveis particulares pichados ou grafitados para que respondam se autorizaram a manifestação cultural.
Continua depois da publicidade
A curadoria que decidirá o que será apagado será da Fundação Municipal de Cultura e do Conselho. Ocorre que, hoje, não há representantes dessa modalidade de arte entre os conselheiros. O que torna a decisão, no mínimo, delicada.
Luís Felipe Berejuk, autor de alguns dos mais belos murais urbanos de Balneário Camboriú, diz que há preocupação entre os artistas. Sugere que a prefeitura invista em espaços para o grafite e o torne algo mais democrático, ao invés de simplesmente apagar os murais.
— Muita gente gosta, quer fazer mas não tem técnica nem material adequado. Acaba fazendo uma pichação sem querer. A prefeitura poderia oferecer cursos — sugere.
Continua depois da publicidade
O secretário de Turismo diz que há intenção de organizar os espaços de arte urbana. E diz que elas não podem ser feitas “depredando o patrimônio alheio”.
— Tem coisas que são de vândalos, que não têm limite.
Miro diz que a ideia de apagar a arte urbana “indesejável” em Balneário veio antes da iniciativa de João Dória em São Paulo. Mas a prefeitura preferiu segurar a divulgação por aqui para que a ação para que não fosse “ofuscada”.
Opinião: Linha tênue
A atitude da prefeitura de Balneário Camboriú em relação à arte urbana é arriscada. E pode ser incoerente com os ares de vanguarda que a cidade tanto gosta de ostentar.
Continua depois da publicidade
Ainda que longe de ser unanimidade, a arte urbana, fugaz e controversa, é reconhecida como intervenção cultural. Separar o que é arte e o que é vandalismo pode ser um passo arriscado para quem não entende do assunto.
Parece que Balneário está mais para São Paulo, com seus arranha-céus imensos e cinzentos, do que para vivacidade de uma cidade como Berlim.
Mural cinza
Esta não é a primeira vez que os murais de Balneário Camboriú são alvo de polêmica. Em julho de 2015 a Guarda Municipal Armada obrigou um grupo de grafiteiros de todo o país a cobrir o muro de contenção da Estrada da Rainha, alegando que não havia autorização para cobri-lo com arte. Nem um abaixo-assinado online foi capaz de devolver o colorido ao muro, que até hoje exibe um cinza bem sem graça.
Continua depois da publicidade