Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (10) na sede da Prefeitura de Joinville, o secretário de Infraestrutura Jorge Luiz Correia de Sá afirmou que o município não tinha conhecimento de uma viga que foi retirada da galeria das obras de macrodenagem do rio Mathias na Avenida Albano Schulz, onde aconteceu a queda da calçada. 

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Segundo o secretário, a falta desta sustentação que causou o acidente durante a cerimônia de abertura do Natal em dezembro do ano passado, quando cerca de 30 pessoas ficaram feridas. 

A Polícia Científica já havia apontado que o desabamento foi causado por uma alteração na estrutura da calçada durante as obras de macrodrenagem, a fim de acessar o canal do rio e instalar uma comporta. 

– Ao cortar essa laje, simplesmente sai de uma estrutura biapoiada para uma estrutura em balanço. Ou seja, tinham dois apoios. A partir do momento que tira a laje, não existe mais um suporte estrutural – explica Jorge Luiz Correira.

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Ainda conforme o secretário, a prefeitura fez a cobertura das áreas abertas na região do rio e nos arredores com base em cálculos feitos a partir de uma estrutura biapoiada, já que, segundo o secretário, não existiam documentações que relatassem a retirada desta viga. 

– O que procuramos investigar, antes de tomar qualquer decisão técnica, é se havia um comunicado seja do consórcio ou dos técnicos do diário de obras, trazendo a informação dessa existência do processo estrutural, e não foi achado nenhum documento. Foi passado para o engenheiro [da Seinfra] que teria a situação de placas biapoiadas – afirma. 

– Não existe registro técnico, documentos ou laudos que relatassem isso. Por isso foram utilizados cálculos para uma estrutura biapoiada. E a retirada dela [da viga] foi a causadora do acidente – conclui. 

Em sessão na Câmara de Vereadores nesta semana, Fábio de Oliveira Silva, coordenador da Uinidade de Drenagem da Seinfra, citou que, na gestão passada, já havia sido pedida uma apuração de responsabilidade do consórcio responsável por executar as obras, por causa de fraudes que foram encontradas nos relatórios. 

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No entanto, o processo foi arquivado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) de Santa Catarina. 

A reportagem entrou em contato com o consórcio responsável pelas obras que informou que não iria se manifestar porque não tinha conhecimento do laudo emitido pela Polícia Científica. 

Medidas de reparo e prevenção

Além de problemas na estrutura que foram encontrados na Praça da Bandeira, no Centro de Joinville, a vistoria feita pela prefeitura também identificou outras rachaduras e partes danificadas em outros pontos no entorno das obras do rio Mathias. 

Na Albano Schulz, onde a calçada desabou, existem três galerias, onde uma delas está comprometida, conforme apontaram as imagens subterrâneas geradas por robôs. 

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Segundo o secretário da Seinfra, o material para fazer a substituição desta laje já está comprado, mas o início dos trabalhos depende da autorização jurídica da Procuradoria-Geral do município. 

Jorge Luiz ainda informou que o município contratou uma empresa especializada para monitorar as áreas que envolvem as obras de macrodrenagem, além das 523 estruturas de concreto que serão investigadas no processo. As imagens da estrutura das obras, que é de 1971, serão apresentadas em 3D. 

– Será um trabalho preventivo, adentrando nas galerias e por baixo das pontes – afirma. 

Indenizações

Ainda durante a coletiva, foi citado que, na próxima semana, serão publicados o decreto e o edital para indenizações às vítimas da queda da calçada durante a abertura de Natal. 

No momento, há 33 pessoas mapeadas para receber a remuneração, no entanto, este número pode ser ainda maior. Isso porque apenas vítimas que foram atendidas no serviço público foram, previamente, colocadas na lista. No entanto, quem buscou atendimento particular também terá direito. 

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As pessoas que se sentiram lesadas, seja por danos morais ou materiais, devem apresentar prontuários médicos e outros documentos que comprovem que foram vítimas do acidente. 

O valor das indenizações ainda não está definido. As vítimas têm 30 dias para apresentar as documentações e a comissão municipal tem 60 dias para avaliar. 

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