Sem acordo com governadores, até a tarde desta terça-feira (9), prefeitos e deputados articulam para que os municípios sejam reincluídos na reforma da Previdência. Às vésperas da votação da proposta no plenário da Câmara, está em discussão a possibilidade de o próprio relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), fazer uma alteração no texto para que as regras mais duras de aposentadorias também tenham validade para servidores municipais.
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A ideia partiu do presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Araoldi, e tem o apoio de articuladores da reforma da Previdência no Congresso.
— Mais de 500 prefeitos estão em Brasília hoje, estão se reunindo com deputados, nos gabinetes. Agora esperamos um acordo com os líderes — disse Aroldi.
Líderes que representam a maioria da Câmara estão reunidos com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e já sinalizaram apoio à ideia. De cerca de 5,5 mil municípios brasileiros, pouco mais de 2,1 mil cidades tem um sistema de aposentadoria próprio para os servidores municipais.
A proposta de reforma da Previdência aprovada pela comissão especial da Câmara não prevê que as medidas tenham efeitos para estados e municípios. Assim, cada ente federativo teria que aprovar a própria reforma da Previdência.
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Deputados que apoiam o pedido dos prefeitos argumentam que seria quase inviável que 2,1 mil municípios façam a reestruturação do sistema de aposentadoria. Portanto, seria justo que o Congresso reincluísse essas cidades na proposta que deve começar a ser votada nesta terça-feira (9).
Se houver acordo com a maioria da Câmara, os prefeitos não precisariam ter o desgaste político de aprovar medidas impopulares nas câmaras de vereadores. Os governadores, no entanto, continuariam excluídos da reforma do Congresso e teriam que apresentar projetos de reestruturação previdenciária às assembleias legislativas.
A versão original da reforma, apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro, previa efeito das medidas para servidores estaduais e municipais. Líderes da Câmara pressionaram Moreira a excluir estados e municípios da reforma diante da campanha de governadores e prefeitos, principalmente da oposição, contra a proposta.
Maia e Moreira defendem uma reforma da Previdência ampla – com estados e municípios. Mas as tentativas de acordo fracassaram. Por isso, a CNM passou a investir numa emenda que trata apenas dos municípios.
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