Diversas prefeituras de cidades de Santa Catarina têm criticado a ausência do governador Carlos Moisés após o movimento de descentralização das ações de combate ao coronavírus e consequente regionalização, que passou a autonomia aos municípios. Em Joinville, o prefeito Udo Döhler considera insuficiente a relação entre o município e o governo do Estado. Nesta quarta-feira (15), Moisés falou, em entrevista ao colunista Upiara Boschi, do NSC Total, que “não estava sendo omisso ao não retomar o controle das medidas de prevenção”, mas que era “hora dos prefeitos assumirem a responsabilidade”.
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— O Estado tem que estar mais presente com aporte de recursos. É insuficiente o contato que temos com o Governo do Estado — afirmou o prefeito de Joinville.
Embora avalie como positiva tal descentralização, para Udo Döhler, o Estado precisa continuar subsidiando os municípios, uma vez que a situação é de média a alta complexidade.
Segundo ele, compete à esfera municipal o atendimento básico, no entanto, é o Estado quem precisa apontar os recursos em um ambiente de pandemia, como equipamentos e disponibilidade de profissionais. Udo pontua que cobranças são feitas diariamente ao governo do Estado, mas o município não recebe respostas.
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A exemplo disso, o prefeito menciona a construção dos leitos de UTI do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, que estavam paralisados.
— Temos leitos prontos, faltam as instalações dos equipamentos, que somos nós quem vamos instalar. Buscamos esses recursos junto ao setor privado. Daqui a três semanas estará pronto, mas vai faltar gente para operar. O Estado teria que determinar as datas, com equipes à disposição, quantidade de leitos. Mas não temos essa informação. É como ter um automóvel à disposição, mas sem combustível no tanque — compara.
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Udo defende a atuação dos municípios diante de qualquer cenário, especialmente dos municípios que possuem maior número de população e que podem corroborar com regiões menos densas. Mesmo assim, ele reforça que, no caso de Joinville, a maior parte da receita é decorrente do imposto estadual, e que é necessário transferir esses recursos ao município para que a cidade consiga garantir a infraestrutura adequada de atendimento e enfrentamento ao coronavírus.
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Outro ganho a partir da autonomia aos municípios, segundo o prefeito, foi a interface com cidades vizinhas. Nesta sexta-feira (17), os nove municípios que fazem parte da Amunesc irão se reunir para discutir temas como a regionalização, novas técnicas a serem aplicadas para o combate ao coronavírus, gestão de leitos de UTI e ampliação de testagem.
— Temos essa liberdade agora, que não tínhamos antes — afirma.