O prefeito de Dionísio Cerqueira, Altair Rittes, foi afastado do cargo no início da noite desta quarta-feira por suspeita de improbidade administrativa. O fato ocorreu após a prisão de quatro servidores municipais quarta-feira suspeitos de participarem de um esquema que teria desviado cerca de R$ 6 milhões dos cofres públicos, segundo cálculos do Ministério Público e da Polícia Civil de Dionísio Cerqueira.
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O nome da operação foi denominado Última Hora. De acordo com o delegado de polícia Eduardo Mattos há indícios de pagamento indevido de horas extras para cerca de 20 servidores municipais. Eles serão ouvidos durante o inquérito. Esses valores chegariam a R$ 1.570 por mês, o que praticamente dobraria o salário de alguns beneficiados. Há suspeita de que a prática acontecia há pelo menos três anos.
Mattos afirmou que o afastamento do prefeito faz parte da operação.
No caso do prefeito o Ministério Público entrou com uma ação cautelar que foi concedida pela justiça.
– Pedimos o afastamento para apurar suspeitas de improbidade administrativa – afirmou a promotora de Justiça Ana Laura Peronio Omizzolo.
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O Ministério Público quer saber se o prefeito sabia do pagamento indevido e das fraudes.
A promotora disse que há casos até de servidores que receberam horas extras em período de férias. Ela informou que há suspeita de que servidores eram utilizados como laranjas, recebendo dinheiro indevido das horas extras que depois eram repassados para alguns cargos comissionados.
– Há suspeita de que o dinheiro beneficiaria apadrinhados políticos – destacou. Além disso há indícios de fraude em licitações, com direcionamento de vencedores.
Os presos podem responder por crimes como peculato, que seria desvio de recursos públicos, falsidade ideológica, com inserção de dados falsos sobre horas extras, organização criminosa, com o objetivo de desviar recursos, corrupção ativa, por incentivar a prática de desvio, e fraude em licitação.
De acordo com o delegado os presos são os suspeitos não de receberem os recursos mas sim de coordenarem o esquema.
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Os detidos são o secretário de Saúde do município, João Carlos Sthal, a secretária de Assistência Social, Marilene Limberger, a diretora do Hospital Municipal de Dionísio Cerqueira, Deliziane dos Santos, e o servidor público Luiz Fernando Angeli.
Durante a operação também foram realizadas buscas de documentos e arquivos digitais na Prefeitura, Hospital, residências e também em um estabelecimento comercial.
O delegado Eduardo Mattos disse que a polícia agora vai analisar o material apreendido que pode comprovar ou não as fraudes.
COTRAPONTO
A reportagem tentou contato no celular do prefeito, Altair Rittes. No início o telefone chamou e ninguém atendeu. Depois estava desligado.
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No escritório de advocacia que defende o Secretário João Carlos Sthal a informação é que a posição da defesa será repassada posteriormente.
O advogado Alexandre Augusto Zabot de Mello, que está com a defesa da diretora do Hospital, Deliziane dos Santos, e da secretária de Assistência Social, Marilene Limberger, informou que ainda está analisando os documentos . Ele informou que são mais de 500 páginas. Mas adiantou que deve pedir a revogação da prisão de suas clientes.
A reportagem não conseguiu contato do advogado de Luiz Fernando Angeli.