O prefeito afastado de Bela Vista do Toldo, Alfredo Cezar Dreher (Podemos), teve a denúncia contra ele aceita pela Justiça e se tornou réu na Operação Mensageiro. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (10), em sessão da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), em Florianópolis. Agora, o político passa a responder a um processo pelos fatos relatados sobre ele na investigação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
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A operação apura supostos pagamentos de propina a prefeitos e secretários em troca de vantagens ilícitas a uma empresa em contratos de coleta de lixo firmados em cidades catarinenses.
Dreher foi preso em abril, na quarta fase da investigação. A decisão que aceitou a denúncia também manteve a prisão preventiva do prefeito. Ele era vice-prefeito eleito em 2020 e assumiu o cargo após o prefeito anterior de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti, ser preso em outra operação policial, a Et Pater Filium — a investigação posteriormente deu origem aos trabalhos da Mensageiro.
Ele se torna o 15º prefeito denunciado na Operação Mensageiro a se tornar réu. No total, 16 prefeitos foram presos preventivamente desde os primeiros mandados da investigação, cumpridos em dezembro de 2022.
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Nesta quinta-feira (10), o TJSC também decidiu aceitar a denúncia contra o prefeito afastado de Guaramirim, Luís Antônio Chiodini (PP).
Com isso, restará apenas o caso do prefeito de Três Barras, Luiz Shimoguri, para definição se a Justiça irá torná-lo ou não réu pelos fatos relatados pelo MPSC. Alguns prefeitos que já tiveram a denúncia aceita há alguns meses já estão com os processos adiantados em próximos de julgamento. O primeiro a receber sentença deve ser o de Itapoá, Marlon Neuber (PL), como adiantou o colunista da NSC, Ânderson Silva.
Contraponto
O advogado da defesa de Alfredo Cezar Dreher, Guilherme Silva Araújo, enviou nota à reportagem em que contesta a decisão desta quinta-feira da Justiça. Confira abaixo o texto na íntegra:
“A defesa do Prefeito Alfredo Dreher respeita e confia nas instituições que compõem o sistema de justiça criminal catarinense, entretanto, compreende de maneira frontalmente diversa das conclusões alcançadas pela 5a Câmara Criminal do TJSC, tanto em relação à admissão da acusação, quanto no que diz respeito à manutenção da prisão preventiva.
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Neste sentido, cremos que a instrução processual modificará a compreensão, tanto do Ministério Público quanto dos julgadores, que perceberão a partir das provas produzidas em contraditório judicial que eventual ato de corrupção praticado em Bela Vista do Toldo não passou por participação intelectual nem material do prefeito, devendo ser Alfredo Dreher ao final, integralmente inocentado das acusações”.
Entenda a Operação Mensageiro
A Operação Mensageiro começou há pouco mais de um ano e é coordenada pela Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do MPSC. A investigação apura suspeitas de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro em contratos do serviço de coleta e destinação de lixo em diversas cidades de Santa Catarina.
Segundo os investigadores, o esquema teria movimentado R$ 100 milhões em propina paga a prefeitos e agentes públicos. A empresa suspeita de ser o pivô do caso teria lucrado R$ 430 milhões com as negociações. A parcela dos valores pagos a políticos seria de 13% na média dos casos investigados.
Além dos prefeitos presos, secretários municipais, empresários e funcionários públicos também teriam envolvimento no esquema, que tem como pivô a Serrana Engenharia, segundo denúncias do MPSC.
Até a metade de maio, nas quatro fases, a Operação Mensageiro já tinha cumprido 196 mandados de busca e apreensão e 40 mandados de prisão preventiva.
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