O prefeito de Araquari, João Pedro Woitexem, concedeu entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira na Prefeitura do município para falar sobre a acusação de improbidade administrativa que o levou a ser afastado do cargo pela Justiça.

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Uma ação ajuizada pelo Ministério Público em outubro deste ano alegando que a Prefeitura havia realizado a dispensa do processo licitatório na aquisição de rochas detonadas para a obra da estrada Guaramiranga e que as pedras teriam sido adquiridas por um valor acima do praticado no mercado são a razão da ação. Woitexem foi afastado sob o argumento de não interferir no andamento do processo. Ele pretende recorrer da decisão.

A Notícia – Qual é a sua versão para a dispensa de licitação na compra das rochas detonadas na obra da Estrada Guaramiranga?

João Pedro Woitexem – Guaramiranga é uma região agrícola do município, muito próxima ao rio. Em setembro deste ano, um volume grande de chuvas fez com que houvesse muitos desbarrancamentos na região e a comunidade ficou isolada. Crianças e universitários ficaram sem estudar, ninguém conseguia sair. Não havia outra alternativa, precisava fazer essa obra. Então, decretamos estado de emergência e fizemos a dispensa de licitação. No entanto, a extensão do dano era muito maior do que pensamos e o caixa da Prefeitura não tinha recursos suficientes para bancar a obra. Pedimos ajuda ao Estado que reconheceu a situação de emergência e forneceu R$ 250 mil, a Prefeitura entrou com R$ 242 mil e a União com pouco mais de R$ 400 mil.

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AN – Por que nessa compra foi pago o valor de R$ 59,99 pelo metro cúbico das rochas detonadas, sendo que anteriormente se pagou R$ 34,99 pelo mesmo produto?

Woitexem – Como a quantidade de rochas era muito grande, dessa vez a empresa se responsabilizou pelo transporte das pedras. A Prefeitura só tem dois caminhõezinhos, se fôssemos fazer o transporte levaríamos três meses, pelo menos. Então, optamos por comprar as pedras já com o transporte incluído, por isso o valor diferente.

AN – O motivo pelo qual a Justiça o afastou da Prefeitura é que o senhor poderia atrapalhar o andamento do processo. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

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Woitexem – Uma das principais acusações que pesam contra mim é de que governo mais com o coração. Os servidores aqui me adoram, me chamam até de pai. Trato eles com a maior dignidade, procuro ajudar sempre, até financeiramente. Digo isso com muito orgulho e carinho: eu sou adorado pelos servidores. Quanto ao processo, não há prova testemunhal e , sim, documental. Não há razão para a Justiça querer ouvir os servidores. Por isso, confio em uma defesa técnica, em uma volta quase imediata.

AN – O senhor se disse alvo de pelo menos dez processos atualmente. A que o senhor atribui essas ações na Justiça?

Woitexem – Não quero afirmar que estou sendo alvo de perseguição, é uma palavra muito forte. Não vejo ninguém que batendo de frente com o judiciário tenha se dado bem. Mas estou tentando entender isso, ainda não entendi. Continuo governando da mesma forma, fiquei 51 meses da minha gestão sem sofrer nenhuma ação na Justiça. Então, houve uma mudança talvez no judiciário. Veja bem, a minha incompreensão é com a promotoria e com a Justiça, porque um ajuíza ação e o outro defere, sem haver motivos para isso, na minha opinião. Além disso, a promotora fez o pedido de liminar para o meu afastamento em 13 de novembro, um pedido que tem que ser apreciado pela Justiça com rapidez, no entanto, a Justiça concedeu a liminar exatamente no dia em que o fórum entra em recesso.

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AN – O senhor vai recorrer da decisão judicial?

Woitexem – Vou recorrer imediatamente, mas estou com dificuldade no momento de encontrar alguém no judiciário para me atender. Pretendo utilizar o plantão judicial para ter acesso ao processo e tentar providenciar a minha defesa.