Considerado o primeiro ginásio esportivo coberto do Estado, o prédio da Sociedade Ginástica de Blumenau, na Rua Pandiá Calógeras, está de portas fechadas. Interditado pelo Corpo de Bombeiros desde 2013 sobretudo por causa da deterioração do telhado, o local, que desde os anos 1950 foi incorporado ao patrimônio da Escola de Educação Básica Pedro II, ainda não tem previsão de reforma. O endereço que ajuda a formar a memória de Blumenau está literalmente às traças.

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Na parte externa, rachaduras, pichações e marcas de infiltração na tinta branca, por si só já danificada pela ação do tempo. O reboco está se desfazendo. Também faltam madeiras em trechos do beiral. Ao entrar no prédio, cheiro de mofo. Por causa das goteiras, madeiras do assoalho apodreceram.

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A tinta que antes coloria o prédio em cinza e branco está descascando. No mezanino, o cenário de degradação completa-se com paredes manchadas pela umidade. Há teias de aranhas e móveis velhos ou inutilizados espalhados por salas e corredores. Até mesmo o palco, que já serviu para formaturas e apresentações culturais, se tornou um depósito. Na manhã desta segunda-feira, enquanto apresentava as dependências do prédio, o assessor de Direção da Pedro II, Elmo Henrique Koprowski, apontou para uma das vigas em madeira que sustentam o telhado. Estava tomada por cupins.

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(Foto: Gilmar de Souza/ Agência RBS)

Há cerca de um mês, conta o assessor, as portas dos fundos foram arrombadas. Os vândalos também tentaram estourar as portas internas. Saíram sem levar nada, porém, dado o abandono, Koprowski teme que o local seja alvo de incêndio. Além do valor histórico, o prédio abriga, abandonada em um dos corredores, uma estrutura em ferro dos tempos em que ali se praticava ginástica.

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De acordo com o diretor-geral da escola, Jadir Booz, há anos o prédio servia como auditório para cerca de 250 pessoas, onde se promoviam reuniões, palestras, peças teatrais, entre outros eventos. Ele afirma que o problema já foi relatado à Gerência de Educação de Blumenau, mas que por enquanto não chegou nenhuma resposta:

– É um patrimônio da cidade. Depois perde-se parte da nossa história por falta de recurso.

(Foto: Gilmar de Souza/ Agência RBS)

A partir de janeiro de 1951, quando foi incorporado à escola, o prédio passou a ser usado pelos alunos para práticas esportivas, tal qual sua vocação inicial, ao ser construído nos anos 1920 pela Sociedade Ginástica Blumenau. Em 1985 foi reformado e ganhou um palco para apresentações culturais.

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Sem sede própria, em 2010 a Companhia de Teatro O Grito fez dele o seu quartel-general, para o depósito dos materiais e onde os atores se reúnem aos sábados para os ensaios. O diretor Leandro de Assis critica:

– Temo que os governos vão abandoná-lo para que ele caia e não tenham compromisso de restaurá-lo. Ele poderia ser mais um espaço cultural para a cidade.

> Histórico

– O prédio foi construído pela Sociedade Ginástica Blumenau (ou Turnverein Blumenau), fundada em 5 de outubro de 1873, para difusão da ginástica olímpica e outros esportes.

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– Inaugurado oficialmente em 3 de agosto de 1924.

– Em 1939, de abril a julho, foi arrendado ao batalhão que em seguida se tornaria o 23º Batalhão de Infantaria.

– Em 5 de janeiro de 1951 foi incorporado à escola Pedro II.

– Reinaugurado em 14 de junho de 1985.

Fontes: jornalista Carlos Braga Mueller e cientista social Adalberto Day