Laboratórios, salas de exames, banheiros, recepção e outros espaços do Instituto-geral de Perícias (IGP) de Joinville passam pelo mesmo problema há meses: não existe serviço de limpeza contratado para a manutenção dos locais.

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Desde o segundo semestre do ano passado, quando o prédio no bairro Boa Vista deixou de contar com os serviços de uma detenta em trabalho de redução de pena, a limpeza do Núcleo de Criminalística e do Instituto Médico Legal (IML) ficou sob responsabilidade dos próprios funcionários.

É no ambiente de trabalho deles que se apuram detalhes que podem ajudar na identificação de uma vítima ou na solução de um crime, por exemplo. Quando não arregaçam as mangas para se livrar da sujeira, o jeito tem sido fazer uma “vaquinha” para que alguém dê conta da faxina.

Além de ser um transtorno para os servidores, a situação também constrange quem precisa passar por exames, como o de conjunção carnal ou de corpo de delito.

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– Dia desses, uma pessoa se recusou a passar por um exame por causa da sujeira na sala -, conta um funcionário do IML.

O coordenador do IGP em Joinville, Rid Garcia dos Santos, confirma a precariedade na manutenção da limpeza no local. Segundo o coordenador, uma reivindicação assinada por funcionários do órgão foi encaminhada à Capital no último dia 15. No documento, ao qual “A Notícia” teve acesso, os servidores prometem medida “mais enérgica” caso a diretoria do IGP em Florianópolis não se manifeste em 15 dias.

– Um prédio como esse deveria ter, pelo menos, duas pessoas na limpeza. O que está ao meu alcance é encaminhar esses pedidos -, diz Rid.

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Apenas a limpeza da sala de necropsia, segundo o coordenador, é de responsabilidade de um auxiliar criminalístico por exigir atuação especializada.

Assim como peritos de outras regiões do Estado, funcionários do IGP de Joinville vão fazer uma paralisação de uma hora na próxima terça-feira para anunciar estado de greve da categoria.

Contraponto

O diretor administrativo do Instituto-geral de Perícias em Santa Catarina, André de Farias, diz que a solução para o núcleo em Joinville seria a contratação definitiva de profissionais na limpeza. O problema, segundo ele, é que a medida esbarra na política de contenção de despesas do governo com serviços terceirizados.

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– Isso ocorre em todo o Estado -, afirma.

Conforme André, coordenadores de outros núcleos têm feito parcerias com Secretarias de Desenvolvimento Regionais, delegacias e órgãos municipais que funcionam nos mesmos prédios. Em Joinville, reconhece André, não foi possível firmar colaboração semelhante.

A Secretaria de Segurança Pública, que abrange o IGP, também aprova a busca pelo serviço de limpeza, garante André, embora isso não garanta a contratação de funcionários.

– Tentamos buscar soluções, reforçando os pedidos, mas, infelizmente, isso não depende de nós. É uma política do governo do Estado.

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A colaboração de detentos, observa André de Farias, é uma medida mais complexa por depender de aval da Justiça, além de parecer favorável da pasta de Justiça e Cidadania e da disponibilidade de agentes prisionais.