Descendo pela Rua Arcipreste Paiva, bem no Centro da Capital, pouco antes de se chegar à Catedral Metropolitana, resiste ao tempo um imóvel antigo, que outrora reunia amantes da sétima arte. Até quando o prédio do extinto Cine Ritz vai resistir é que não se sabe. Quem passa pela construção de 1935 vê claramente os efeitos dos anos sem manutenção na estrutura deteriorada da marquise, nos vergões enferrujados e no reboco aos pedaços.

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Tombado como patrimônio histórico e artístico de Florianópolis pelo decreto municipal número 270, de 1986, com NP (Nível de Preservação) número 2, que preserva somente a área externa e o telhado, o prédio do antigo cinema foi adquirido pela Ação Social e Cultural da Catedral em 2005 e desde então nunca passou por manutenção ou reforma.

Os últimos relatórios do setor de fiscalização de obras da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU) apontam que em 22 de novembro de 2010 foi feita uma vistoria no local, ocasião em que o proprietário foi comunicado da necessidade de recuperação da marquise e do reboco externos. Em 24 de março de 2011, recebeu auto de infração por má conservação do lote e suas edificações. Novo documento foi emitido em 18 de maio de 2011 pelas mesmas questões. Desde então não foram feitas novas vistorias. A próxima está agendada para esta semana, segundo Dalmo Vieira Filho, secretário da SMDU.

Em junho deste ano, quando foi noticiada pela imprensa a venda das poltronas do extinto cinema em lojas de móveis usados, o pároco da Catedral, padre David Antonio Coelho, falou das dificuldades financeiras para manter o imóvel. Segundo a assessoria de comunicação da Cúria Metropolitana, chegou-se a fazer campanhas para manter e reformar o prédio.

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Prédio pertencia ao Badesc

Desde o dia 18 de novembro que a Ação Social e Cultural da Catedral voltou a negociar com o Badesc, dono do imóvel de número 110 da rua Arcipreste Paiva. De acordo com o padre Leandro Rech, ecônomo da Cúria Metropolitana, ele foi adquirido em leilão em 2005 e ainda não foi quitado.

– Apenas existe uma negociação, mas não está definido se será devolvido para o banco.

Sobre a manutenção do prédio, o padre afirma que, por ser tombado, a responsabilidade cabe também ao poder público. O secretário Dalmo Vieira Filho, no entanto, diz que ela é do dono do imóvel.

– Ser proprietário requer deveres. Se não dispuser de bens suficientes deve recorrer ao poder público para compartilhar a responsabilidade – explica.

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Projeto prevê cinema no Centro da capital

Dentre os projetos de reocupação do Centro Histórico da Capital está a ideia de instalar um ou mais cinemas na região. Segundo o secretário, há uma medida aprovada pelo prefeito Cesar Souza Junior de comprar ou assumir em comodato um espaço para implantação de salas. Um deles seria o Cine Ritz, mas há mais dois imóveis cogitados, como o extinto Cine São José, na Rua Padre Miguelinho.

– Percebemos o valor que o cinema tem e como consegue levar pessoas para os lugares. Fomos atrás dos preços e agora vamos propor para o orçamento de 2014. É uma forma de irrigar o Centro da cidade.

Confira no vídeo a situação do ex-Cine Ritz e de outros prédios históricos do Centro da Capital: