Os preços do gás de cozinha em Santa Catarina seguem em alta. Na última semana, período de 17 a 23 de outubro, o valor médio do botijão no Estado chegou a R$ 110,73, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Um crescimento de R$ 6 em comparação à semana anterior, quando o preço médio era de R$ 104,64.

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O gás de cozinha no Estado acumula uma alta de 26% no período de janeiro a setembro deste ano. Com o valor médio da semana analisada – R$ 110,73 – esse aumento chega a 33% apenas em 2021.

O valor médio mais alto pago pelo botijão de gás entre as cidades catarinenses analisadas foi registrado em Caçador, no Oeste. No município, o preço chegou a R$ 121,67 na última semana.

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Chapecó, Blumenau, Brusque e Florianópolis fecham a lista dos cinco locais com o produto mais caro em Santa Catarina.

Preço médio do gás de cozinha nas cidades analisadas em SC

  • Caçador: R$121,67
  • Chapecó: R$120
  • Blumenau: R$ 120
  • Brusque: R$ 115,17
  • Florianópolis: R$114,62
  • São José: R$114
  • Palhoça: R$ 113,50
  • Biguaçu: R$ 111
  • Tubarão: R$ 111
  • Balneário Camboriú: R$ 109,50
  • Itajaí: R$109,33
  • Joinville: R$108,80
  • Mafra: R$106,85
  • Criciúma: R$ 104
  • Concórdia: R$102,75
  • Araranguá: R$ 102,50
  • Laguna: R$ 99

Santa Catarina deve ter mais um aumento no preço do gás de cozinha

De acordo com o presidente do Sindicato dos revendedores de gás (Sinregas), Jorge Magalhães de Oliveira, o imposto do Estado deve aumentar nos próximos dias por conta do último aumento da Petrobras.

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– O preço do imposto não acompanha os aumentos da Petrobras, acompanha os preços médios praticados ao consumidor final. No entanto, como os preços finais também dependem dos aumentos da Petrobras, uma coisa está diretamente atrelada a outra – explica. 

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O preço do botijão de gás é a soma de alguns valores: o que é cobrado na refinaria, impostos federais e a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) – que varia de acordo com o Estado, por ser um imposto estadual.

Como Santa Catarina não atualizou o valor do imposto desde o último reajuste da Petrobrás, isso deve acontecer nos próximos dias, afirma o presidente do sindicato.

Quanto tempo deve durar a alta nos preços do gás

Segundo o professor de Economia da Udesc, Adriano de Amarante, a tendência é que o preço do gás de cozinha aumente ainda mais até o fim do ano. De acordo com o especialista, existem pesquisas prevendo um grande aumento, em todas as refinarias, nos próximos meses.

– A previsão é pessimista quanto ao preço do Petróleo [de onde vem as refinarias]. Por exemplo, já existem pesquisas que dizem que o barril do petróleo pode chegar a 85 dólares no próximo ano. Os especialistas falam que um valor equilibrado seria um barril a 55 dólares – explica.

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A incerteza política do Brasil somada à desvalorização do real faz com que as refinarias aumentem de valor, de acordo com Amarante. A alta no preço do barril de petróleo, conforme explica o economista, acontece no mundo todo. Porém, com o real desvalorizado, o Brasil é um dos países mais atingidos em relação a esse aumento.

De acordo com o especialista, os preços não tendem a diminuir. Isso acontece por conta de um movimento na economia, em que a alta dos preços internaliza nos usuários, e nas próprias empresas, o que faz com que o valor apenas se estabilize. 

– Existe uma rigidez na queda dos preços e isso acontece por conta da retroalimentação inflacionária. As pessoas internalizam os custos e ele não diminui, apenas se estabiliza – explica.

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Caso exista uma queda no valor, a diminuição não deve ser grande a ponto de o gás de cozinha chegar a um preço menor do que R$ 100, como no início do ano, conforme afirma o economista.

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Disputa de renda

Com a alta nos preços, a tendência é de que as pessoas exijam um salário mínimo maior, conforme explica o especialista. Esse valor é de R$ 1.100 no momento. 

– O problema é que o salário mínimo aumenta e o valor das ‘necessidades básicas’ aumenta na mesma proporção. Aí existe uma perda de renda. Tem o aumento do salário, mas também o aumento do gás, da comida – diz.

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O aumento do salário mínimo desde 2019 foi de R$ 100, o equivalente a 10% – na época, o salário mínimo brasileiro era R$ 998. Já o botijão de gás de cozinha, no mesmo período, teve um aumento de 58%, em comparação ao preço médio da última semana. Em janeiro de 2019, o gás em Santa Catarina custava em média R$69,73. 

*Sob supervisão de Vinicius Dias.