O preço médio dos aluguéis residenciais em Florianópolis está acima dos índices de inflação desde 2022, conforme apontam dados do índice FipeZap, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Até o mês de setembro deste ano, os preços de locação na Ilha de Santa Catarina seguiam acima da inflação, ultrapassando os índices gerais como o IPCA/IBGE (+3,31%) e o IGP-M/FGV (+2,64%). Isso significa que os aluguéis na Capital estão acima do custo de vida geral.
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Para o professor de Economia e Finanças Edivan Junior Pommerening, isso acontece porque a cidade, além de ser a capital de um Estado, tem o turismo como uma das principais atividades econômicas.
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— Isso atrai pessoas e negócios, e negócios atraem mais pessoas. Cidades ou regiões que reúnem essas características, tradicionalmente, são mais pressionadas pela inflação, tanto da locação de imóveis quanto em outros fatores — explica o especialista, que tem formação em Ciências Contábeis.
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Preço de locação mais alto do país
Além de estar acima da inflação, Florianópolis tem o segundo preço médio de locação mais alto do país (R$ 53,83/m²), ficando atrás apenas de São Paulo (R$ 56,37/m²) em setembro, segundo a análise do índice FipeZap, que incluiu 22 capitais brasileiras.
Mesmo com os dados alarmantes, há uma desaceleração na variação dos preços de aluguel e, em abril de 2024, foi a primeira vez que Florianópolis ficou abaixo da média calculada pelo índice nos últimos três anos.
Gabriel Moraes*, de 37 anos, sente os preços altos da capital catarinense no bolso. Ele se mudou do interior de São Paulo para Florianópolis em 2022, em busca do sonho da primeira graduação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele se mantém sozinho na Ilha, com a bolsa de permanência que a universidade oferece, no valor de R$ 1.250. Gabriel* mora no Pantanal, um dos bairros próximos à instituição de ensino, onde gasta R$ 1.100 com o aluguel.
— O que me ajuda muito é a isenção do Restaurante Universitário (RU) e a isenção de ônibus. Isso faz com que seja possível me manter aqui, mas é tudo muito apertado — relata o estudante.
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Além da bolsa de permanência, ele complementa a renda com alguns freelances que faz como barman.
O bairro Trindade, onde fica a UFSC, teve o 3° preço médio mais caro de aluguel no mês de setembro (R$ 55,8/m²), com variação de 24,8% nos últimos 12 meses, ainda de acordo com o FipeZap. O bairro só fica atrás do Centro de Florianópolis (R$ 58,1/m²) e da Agronômica (R$ 57/m²).
Veja os bairros com preço médio de locação mais caros na Ilha:
- Centro (R$ 58,1/m²)
- Agronômica (R$ 57/m²)
- Trindade (R$ 55,8/m²)
- Córrego Grande (R$ 53,7/m²)
- Saco dos Limões (R$ 52/m²)
- Itacorubi (R$ 51,5/m²)
- Estreito (R$ 47,6/m²)
- Ingleses do Rio Vermelho (R$ 41/m²)
- Coqueiros (R$ 39,8/m²)
- Capoeiras (R$ 39,4/m²)
Aumento nos preços está “desacelerando”
Em setembro, a capital catarinense teve um aumento de 0,03% no preço dos aluguéis, o que representa uma das menores variações entre as capitais analisadas. O aumento também é menor se comparado à variação mensal de agosto, por exemplo. Neste mês, o percentual de aumento na Capital foi de 0,17%.
Mas, mesmo com a desaceleração mensal, Florianópolis acumulou uma alta significativa de 8,1% no ano de 2024 até setembro e de 6,71% nos últimos 12 meses. Isso evidencia uma valorização contínua dos preços de locação, embora o ritmo de crescimento esteja reduzindo.
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Os preços médios de aluguel de 36 cidades monitoradas pelo Índice FipeZAP em setembro de 2024 foram calculados em R$ 47,05/m². Os maiores valores foram observados no aluguel de imóveis de um dormitório (R$ 61,61/m²) e os menores, entre unidades com três dormitórios (R$ 40,90/m²). Isso tem a ver com os novos arranjos familiares, de acordo com o economista Pommerening.
— Famílias menores, casais sem filhos ou com um filho, além de pessoas que moram sozinhas, fazem com que a procura por imóveis com menos dormitórios prevaleça em relação aos que contém mais — afirma.
Outro fator que contribui para que unidades com mais dormitórios sejam mais baratas, de acordo com o economista, é o fato de que o Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB) não é diretamente proporcional ao número de dormitórios.
— A obra tem um custo básico de entrada, que é diluído à medida que o número de dormitórios vai aumentando, somado ao custo específico de cada dormitório — esclarece.
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Foi nessa análise de preços médios que Florianópolis se destacou, ficando atrás somente de São Paulo e superando outras 20 capitais brasileiras.
Saiba quais foram as 22 capitais analisadas
- São Paulo (R$ 56,37/m²)
- Florianópolis (R$ 53,83/m²)
- Recife (R$ 53,14/m²)
- Maceió (R$ 50,47/m²)
- Belém (R$ 49,97/m²)
- São Luís (R$ 49,12/m²)
- Rio de Janeiro (R$ 47,90/m²)
- Brasília (R$ 46,92/m²)
- Manaus (R$ 46,82/m²)
- Vitória (R$ 43,84/m²)
- Curitiba (R$ 41,09/m²)
- Belo Horizonte (R$ 40,99/m²)
- Salvador (R$ 40,95/m²)
- João Pessoa (R$ 40,15/m²)
- Cuiabá (R$ 39,14/m²)
- Goiânia (R$ 38,91/m²)
- Porto Alegre (R$ 38,62/m²)
- Natal (R$ 35,12/m²)
- Campo Grande (R$ 34,12/m²)
- Fortaleza (R$ 31,94/m²)
- Aracaju (R$ 25,50/m²)
- Teresina (R$ 21,81/m²)
O FipeZAP acompanha o preço médio de locação de apartamentos prontos, com base em anúncios veiculados na internet. Em Florianópolis, a pesquisa contabilizou 3.732 imóveis em setembro deste ano.
*O nome foi alterado para manter o anonimato da fonte.
**Sob supervisão de Andréa da Luz
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