Apontado em abril do ano passado como um dos fantasmas da inflação, o tomate voltou a assombrar o bolso do consumidor. O quilo do fruto, que em janeiro deste ano era encontrado por R$ 1,49 em supermercados de Joinville, hoje não sai por menos de R$ 3,99, uma variação de 168%. Em alguns estabelecimentos, o valor chega a R$ 8,95, indica a pesquisa de preço dos itens que formam a cesta básica realizada pelo Procon na última semana.

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Em Caçador, maior produtor catarinense de tomate, a safra de 2013 rendeu 82 mil toneladas nas plantações. Embora ainda não haja previsão para o montante deste ano, o analista de mercado da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Francisco Heiden, diz que o produtor já pode esperar um volume menor, o que consequentemente vai deixar a oferta mais escassa e os preços nas alturas.

– Tivemos muitas temperaturas recordes nos primeiros meses deste ano em Santa Catarina, o que adiantou a safra em cerca de 20 dias em toda a produção regional – explica Francisco.

Segundo o especialista, isso gerou um excesso de oferta no mercado, fator que justificou a queda nos preços no começo do trimestre. Agora, porém, as baixas temperaturas, principalmente no período noturno, atrasam a maturação do fruto e a área de plantio. Com menos produtos no mercado, é natural que o preço suba, avalia Evandro Anater, especialista em mercado da Epagri.

– Na semana passada, o consumidor que procurava as centrais atacadistas no País não conseguia comprar uma caixa de 22 kg de tomate por menos de R$ 120 – conta.

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Símbolo da alta dos preços dos alimentos em 2013, o tomate não está mais caro apenas em Joinville. Segundo o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos, o preço do quilo do fruto teve uma alta acumulada média de cerca de 25% no primeiro trimestre nas regiões metropolitanas do País, enquanto a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 2,86% no ano.

Outros produtos

De acordo com a Epagri, as alterações climáticas que aconteceram em Santa Catarina foram também responsáveis por puxar para cima o preço de diversos outros produtos da cesta básica. Segundo Anater, a safra de batata é tão prejudicada pelo clima quanto a do tomate. Vários outros produtos de hortifrútis tiveram aumentos de preços nos quatro primeiros meses do ano bem acima da inflação (veja na tabela abaixo).

Litoral vai liderar produção em SC

Para quem lida com o plantio de tomates, um dos maiores problemas são as geadas que ocorrem durante a madrugada. Elas acabam matando grande parte da safra, inibindo produtores das regiões centrais de Santa Catarina. Segundo o especialista em mercado da Epagri Evandro Anater, é nesse momento que o litoral do Estado toma as rédeas da produção.

– Como não existem geadas nas regiões litorâneas, são esses produtores que devem ficar responsáveis pelos picos de produção no Estado. Daqui para frente, toda Santa Catarina será abastatecida por esses produtores, o que não necessariamente significa um aumento, mas também não indica nenhuma redução nos preços – diz ele.

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Anater explica que como o tomate é uma salada básica, é muito difícil que o consumidor deixe de levar o fruto para a mesa. Assim, a grande variante dos próximos meses deve ser a demanda do produto no mercado estadual.