Chegada do frio, redução das pastagens e aumento nos insumos para a alimentação das vacas – como o milho e farelo de soja – são os vilões do novo aumento no preço do leite. Em Blumenau o valor médio da caixinha é de R$ 3,65 conforme consulta feita pela reportagem do Santa na terça-feira pela manhã – valor 26% maior do que a média de duas semanas atrás, que era de R$ 2,89. Em um dos seis supermercados pesquisados, uma das marcas do leite de caixinha chega a ser vendida por R$ 4,29.
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O reajuste deixa o consumidor mais cauteloso. O casal Irineu, de 70 anos, e Lia Harbs, 65, diz que só compra o produto em dia de promoção.
– Ficamos atentos ao dia em que ele está mais barato, senão fica difícil. Não dá mais para comprar leite a qualquer momento – afirma a dona de casa.
As dificuldades que os produtores vêm enfrentando devem se refletir no preço do leite até o mês de setembro. É isso que prevê o vice-presidente do Conselho Paritário Produtores e Indústrias de Leite de Santa Catarina, Adelar Maximiliano Zimmer. Segundo ele não há indicativo de melhora na produção que ajude a diminuir o preço no Estado.
– O consumidor vai ter que se acostumar com esse valor, porque daqui para frente é impossível produzir um leite que possa chega a R$ 2 na prateleira do mercado – explica Zimmer.
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Santa Catarina é o quinto estado em produção de leite no Brasil. São 2,8 bilhões de litros anualmente, numa cadeia que envolve 80 mil trabalhadores – a maioria no Oeste, que corresponde a 74% do total produzido.
A tática do leite de pacote
Há saídas para driblar o aumento de um produto tão comum nas mesas. Segundo o economista e professor da Furb, Bruno Tomio, a primeira tática é a boa e velha pesquisa de preços. Para se ter uma ideia, a diferença entre produtos da mesma empresa em diferentes estabelecimentos chega a R$ 0,71 (20%), segundo a consulta do Santa. Entre os mais baratos (Languiru e Parmalat, no Big) e o mais caro (Piá, na Cooper) a diferença é ainda maior: R$ 1,11 por litro. O segredo, portanto, é não se deixar levar pela comodidade.
– A pessoa vai ter que pegar encartes, comparar e até mesmo procurar os dias específicos em que o produto é mais barato. Os “Dias do Leite” nos mercados são uma excelente saída, mas sempre precisa haver a pesquisa de preço – afirma.
A consulta do Santa ainda notou uma grande diferença no preço dos populares “saquinhos” para as “caixinhas” de produto. No caso da marca Tirol, o valor vai de R$ 2,99 (no Angeloni) para R$ 3,99 (na Cooper). Outra sugestão, segundo o economista, é tentar substituir o leite, sempre que for possível.
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– Algo que a gente diz quando o preço de algo aumenta é trocá-lo por outra coisa que seja semelhante. Claro que é difícil, principalmente nesse caso específico, mas é uma opção. Em vez de café com leite, por exemplo, pode-se tomar um chá – explica Tomio.
Opções para quem quiser substituir nutrientes
Por ser uma fonte de cálcio e proteínas, o consumo diário de leite pode ajudar a prevenir doenças como osteoporose e hipertensão. Isso significa que tirar totalmente ou parcialmente o leite da alimentação requer alguns cuidados, segundo a nutricionista Alessandra Guerra.
– Para poder cortar o leite é necessário ingerir outros alimentos que tenham os mesmos benefícios, como frango, peixe e ovo, no caso das proteínas. Já o cálcio é possível encontrar em sementes de chia, sardinha e em vegetais como brócolis, couve e rúcula – explica Alessandra.