Presença garantida na mesa dos brasileiros, o feijão passou a ter um gosto mais salgado para os consumidores nas últimas semanas. O aumento de preços que ganhou força em todo o país pode ser visto também nas gôndolas dos supermercados blumenauenses. Na sexta-feira, a reportagem do Santa esteve em oito estabelecimentos da cidade para conferir a diferença de valores e os acréscimos registrados.
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No levantamento do Santa o menor preço encontrado do feijão preto foi R$ 4,89, da marca Urbano, no supermercado Rede Top do Tribess. Já o maior valor era R$ 10,48, da marca Caldo Bom, no Supermercado Giassi. A diferença entre o mais barato e o mais caro chega a R$ 5,59 _ ou 114,31%. De 13 marcas disponíveis nos oito supermercados, o preço médio do quilo do feijão preto – historicamente mais consumido na região _ estava em R$ 7,73. O preço é semelhante nos poucos estabelecimentos que também vendem o produto a granel.
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O valor médio de R$ 7,73 é 45,8% maior do que o preço médio do quilo do feijão preto registrado no boletim de junho do Índice de Variação Geral de Preços (IVGP), cálculo de inflação do Departamento de Economia da Furb em que o custo do alimento era de R$ 5,30. O economista da Furb Jamis Antonio Piazza, responsável pelo IVGP, afirma que nos últimos meses o feijão ainda não tinha registrado muita variação, mas que a tendência é de que o alimento seja o grande vilão da inflação no município em julho. O fechamento do cálculo ocorre sempre no fim do mês. Ele afirma que a alta do preço ocorre por problemas climáticos enfrentados pelos produtores e que a escassez causada no produto, combinada com o aumento da procura, fez os valores se elevarem nas gôndolas.
– Assim como no caso do leite, a alta do feijão tem influência em todas as classes sociais, mas principalmente em quem tem menor poder aquisitivo. Além das questões da safra, muitos insumos usados no cultivo do feijão vêm do mercado externo e sofrem com a variação do dólar – complementa o professor.
O presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Paulo Cesar Lopes, afirma que a variação de preços começou a ser sentida nos supermercados há pouco mais de um mês e está ligada a prejuízos causados por questões climáticas.
– É uma questão sazonal, assim como ocorreu com o milho e com o leite. Os consumidores não gostam, mas sabem que o motivo são as intempéries. Sabemos que é difícil trocar certos itens, mas a dica para o consumidor é tentar substituir ou reduzir o consumo até que a nova safra venha e estabeleça um preço diferenciado – orienta.
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O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, confirma que a escassez de água em estados com grande produção, como Bahia, Minas Gerais e a região Centro-Oeste, prejudicaram a safra. Ele destaca que o feijão também é sensível a intempéries, o que inclusive já diminuiu o espaço da semente na preferência dos agricultores de Santa Catarina, e afirma que a estratégia do governo federal, que no fim de junho zerou a alíquota de importação de feijão por 90 dias, pode ajudar a reduzir o preço do alimento nos supermercados.
– Realmente o preço foi a patamares que nunca tinham chegado. Se isso (importação em maior escala) de fato se confirmar, acredito que os preços já começam a baixar – projeta, porém sem especificar prazos para essa tendência.
Compra em quantidade e alta também nos tipos vermelho e carioca
A alta no preço do feijão força mudança de hábitos em blumenauenses. Quando começou a perceber o aumento, há pouco menos de um mês, a moradora do bairro Fortaleza Maura Lazzaris, 44 anos, antecipou-se e estocou o produto para não precisar comprar nos períodos de valores elevados.
– Minha família consome mais ou menos um quilo por semana e já comprei em quantidade para não precisar comprar nos próximos meses. Eu costumava pagar R$ 3,98 no lugar que eu comprava e agora já vi feijão até por R$ 7,98 – compara.
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Por ser o mais consumido na região, o feijão preto é o produto que teve a alta mais sentida. No entanto, outras variedades como feijão vermelho e carioca também ficaram mais pesadas no bolso do consumidor. Na consulta feita pelo Santa, o valor mais barato do feijão vermelho era R$ 6,98, da marca Pé Vermelho, no Big. O item mais caro custava R$ 12,48, da marca Caldão, no Supermercado Bistek. Do tipo carioca, o produto mais em conta era da marca Rio Belo, no Fort, ao custo de R$ 6,65. Em contrapartida, o mais caro era o da marca Chinês, ao valor de R$ 15,89, no Bistek.
Para quem quiser escapar dos preços altos, tentar substituir o alimento ou reduzir o consumo podem ser opções.
– Algumas alternativas são lentilha, ervilha, castanhas e oleaginosas em geral, que são fontes de ferro de rápida absorção. Mas vale lembrar que isso não substitui o feijão. Ele é extremamente importante e deve ser mantido na alimentação duas vezes por semana – orienta a nutricionista Josiane Aparecida Hermann.