A dona de casa Dalva Bernardes, de 72 anos, aproveitou a promoção de banana durante a última semana para levar duas pencas. Não é todo dia que a fruta preferida do brasileiro sai por R$ 1,99 o quilo.

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— Amanhã já aumenta de novo — observou.

O preço da banana está variando da noite pro dia, constatou a dona de casa. De R$ 2, passa para R$ 4 em questão de horas. Segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a banana aumentou 12% no último mês, ajudando a encarecer a cesta básica, que aumentou 5,98% em setembro em Florianópolis. O preço bom de outubro, acredita o funcionário público Carlos Alberto Rufino, 54, que também fazia compras em um supermercado da cidade nesta semana, está ligado ao fator climático.

— Está mais quente, então a banana amadurece mais rápido e precisam vender a fruta mais rápido. Acredito que vá cada vez ficar mais barata — espera o consumidor.

A opinião dele é confirmada pelo gerente da Central de Abastecimento do Estado de Santa Catarina (Ceasa) de São José, Edmilson Moreira. A queda dos preços deve começar a ser sentida a partir de agora, e não só com a banana. Com o calor, a produção de hortifruti em SC aumenta e não será mais preciso trazer verduras e legumes de outros estados, o que melhora o preço aos catarinenses.

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— O tomate é um grande exemplo. O estado não produz muito no inverno, e é preciso trazer de outros locais onde o fator climático não afeta tanto. Mas a expectativa é que a partir de agora os preços comecem a melhorar. Estamos com uma boa expectativa de produção e de vendas no verão — explicou o gerente.

Sem poder prever ainda o valor exato da queda (em porcentagem), o Edmilson torce ainda para melhores preços em produtos como pimentão, berinjela, verdes como alface, couve e temperos, e do feijão.

— Tudo depende do clima. Se tiver temporais e fenômenos que comprometam a produção ainda neste mês, os preços podem aumentar — disse.

Em setembro, o preço médio dos hortifrutigranjeiros da Ceasa estava em R$ 1,96, R$ 0,10 a menos do que em agosto. A baixa nos preços incentivou os consumidores e aumentou as vendas na central, que comercializou mais de 30 mil toneladas de alimentos em setembro, 10,72% a mais do que o mesmo período do ano passado, por exemplo. A pesquisa de outubro deve sair em meados de novembro.

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(Foto: Diorgenes Pandini / Agencia RBS)

Batata, couve-flor e brócolis de volta à mesa

O campeão na queda foi um queridinho do brasileiro, o repolho. Mas chama a atenção o preço do couve-flor e brócolis, que há tempos não faziam mais parte do prato tradicional. O administrador do Direto do Campo do Saco dos Limões, Samuel Besin, lembra que a cabeça de brócolis chinês chegou a custar R$ 5 para o varejo. Hoje, vem por R$ 0,80 e está sendo vendido por R$ 1,50 ao consumidor. Além de estar com mais qualidade, observa. A cenoura, lembra ele, também diminuiu de preço ao longo dos meses. De R$ 1,90, está R$ 1,20.

O engenheiro civil Henrique Luz Glória, 61, faz compras no local e observa que o preço da cebola também diminuiu muito ao longo dos meses. A couve-flor, que não comprava mais, voltou para o carrinho – felizmente, conta ele.

Mas a queda do preço da batata foi a mais desejada. Nesta semana, o valor chegou a R$ 1,98 o quilo. O tomate, outro produto que até pouco tempo estava sendo visto como um dos vilões da cesta básica, tem baixado aos poucos, apesar de oscilar de mês para mês. O produto, no entanto, voltou para a mesa da família da diarista Janaína Mendes Martins Vieira, 39. Na Ceasa, o quilo sai a R$ 2,64.

— Enquanto os legumes e verduras estão baixando, as frutas continuam caras. A maçã está um absurdo — disse Janaína.

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A maçã e frutas como melancia não devem baixar. A safra diminui no Estado com a chegada do calor. Já o mamão e o morango tiveram queda de mais de 10%. Laranja e abacaxi apresentaram alta em setembro, mas devem tombar a partir de agora, acredita o gerente de abastecimento da Ceasa.

Diferença de preço dos produtos da cesta básica em setembro

Batata: -33,48%

Leite: -15,60%

Tomate: -13,70%

Óleo: -8,24%

Café: -3,98%

Arroz: -2,89%

Farinha: -0,43%

Manteiga: 0,67%

Pão: 0,87%

Açúcar: 0,90%

Carne: 3,51%

Feijão: 7,16%

Banana: 12,98%

TOTAL: -1,76%

FONTE: Dieese/ Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos

Valor dos produtos por quilo no Ceasa:

Agosto Setembro

Repolho: R$ 0,47 R$ 0,24 Diferença: – 49,39% (maior queda)

Couve-Flor: R$ 0,89 R$ 0,55 Diferença: – 37,65%

Brócolis (cabeça): R$ 1,71 R$ 1,15 Diferença: -33,02%

Batata inglesa: R$ 2.25 R$ 1,68 Diferença: -25,28%

Mamão: R$ 3,25 R$ 2,51 Diferença: – 22,83%

Vagem: R$ 3,31 R$ 2,65 Diferença: – 19,97%

Morango: R$ 4,16 R$ 3,66 Diferença: – 11,85

Beterraba: R$ 1,30 R$ 1,15 Diferença: – 11,73%

Cenoura: R$ 0,94 R$ 0,84 Diferença: – 10,57%

Pimentão: R$ 2,22 R$ 2,14 Diferença: – 3,55%

Alface: R$ 3,97 R$ 3,85 Diferença: – 3,05%

Cebola: R$ 0,95 R$ 0,93 Diferença: – 1,84%

Pepino: R$ 1,26 R$ 1,26 Diferença: – 0,18%

Banana: R$ 2,38 R$ 2,40 Diferença: 0,71%

Abacaxi: R$ 1,86 R$ 1,89 Diferença: 1,90%

Maçã: R$ 2,46 R$ 2,54 Diferença: 3,32%

Tomate: R$ 2,30 R$ 2,64 Diferença: 15,04%

Laranja: R$ 1,02 R$ 1,19 Diferença: 16,22%

Melancia: R$ 0,87 R$ 1,12 Diferença: 27,91% (maior aumento)

FONTE: Ceasa/SC – SETEMBRO/2016