Depois de acumular prejuízos com a alta do preço do milho e a desvalorização da carne suína em 2016, criadores e agroindústrias estão retomando investimentos em Santa Catarina. Nestes primeiros meses, o valor da saca de 60 quilos do grão caiu 25% em relação à média do ano passado (R$ 49).

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Para se ter ideia do que essa queda representa, o custo para se produzir o animal caiu 16% de junho do ano passado comparado a janeiro de 2017, segundo a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa de Concórdia. Enquanto isso, o preço do suíno subiu no mesmo patamar, de acordo com dados da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, o que torna a recuperação do setor mais rápida.

Criador há 30 anos em Nova Erechim, no Oeste de SC, Basílio Knakiewicz reduziu um terço da produção em 2016 para manter o negócio.

– Durante 10 meses tive prejuízos de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês – conta.

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Além de cortar o plantel, ele utilizou sorgo e trigo no lugar de milho, pelo qual chegou a pagar R$ 53 por saca, quase o dobro do valor que desembolsava no primeiro semestre de 2015. Knakiewicz lembra ainda que, no pico da crise, chegou a vender o quilo da carne entre R$ 2,40 e R$ 2,60. Na semana passada, porém, vendeu um lote a R$ 4.

Momento é favorável para os criadores quitarem dívidas

A queda do preço do grão neste início de ano foi puxada principalmente pela estimativa de aumento de 15% na safra catarinense de 2016/2017. A previsão é colher 400 mil toneladas a mais do que 2015/2016. No país, o aumento é de 26%, o que melhora o fôlego dos criadores catarinenses, já que a produção de milho de SC não absorve a demanda do Estado e é preciso trazer o cereal de outras regiões.

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Segundo o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Losivânio de Lorenzi, a redução dos plantéis por causa da crise está tendo efeito agora, gerando uma procura maior por suínos, o que fez o preço subir mesmo com os custos menores. O momento, aponta, é favorável para os criadores quitarem dívidas.

Para isso, diz o presidente da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de SC (Cidasc), Enori Barbieri, é preciso que o dólar também não baixe de R$ 3, pois reduziria os ganhos com as vendas.

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