A escalada do preço dos combustíveis continua castigando o bolso dos motoristas em Blumenau. Nos últimos dias, as placas de postos da cidade passaram a exibir valores acima da barreira de R$ 4 pelo litro da gasolina comum. Esse patamar já vinha em alta desde o ano passado, quando a Petrobras mudou a política de preços e passou a elevar os valores de acordo com o mercado internacional, mas se acentuaram ainda mais nas últimas semanas.
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A última pesquisa da Associação Nacional do Petróleo (ANP) com postos de Blumenau foi feita no dia 7. Na ocasião, o preço médio na cidade entre os 20 estabelecimentos pesquisados pela entidade era de R$ 3,91. No entanto, um dos postos já cobrava R$ 4,09. Na quinta-feira, a reportagem do Santa pesquisou o preço nesses mesmos 20 locais e constatou que 12 deles já cobram mais de R$ 4 pelo litro da gasolina comum. A média dos 20 estabelecimentos ficou em R$ 4,02, mas como alguns postos cobram valores diferentes para pagamentos à vista ou no cartão de crédito, em alguns deles os valores chegam a R$ 4,19. Em maio de 2017, apenas um ano atrás, o preço médio da gasolina na cidade, segundo a ANP, era R$ 3,44 – R$ 0,58 a menos do que a média do levantamento feito pelo Santa nesta quinta.
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Aumento da gasolina pesa no bolso de trabalhadores
Segundo o economista e professor da Furb Jamis Piazza, essa alta recente se deve principalmente a dois motivos. O primeiro deles é a alta do dólar. O novo cálculo para o reajuste da gasolina feito pela Petrobras também leva em conta o câmbio. Na economia, a elevação na moeda americana registrada nas últimas semanas é, de acordo com Piazza, fruto da falta de credibilidade política no país e do aumento de juros nos Estados Unidos, que leva investidores do Brasil para lá em busca de uma rentabilidade maior. Por aqui, esse avanço do dólar faz o preço da gasolina nas bombas também disparar. A segunda razão exposta pelo economista é a carga tributária, que chega a quase 56% do preço da gasolina.
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– O que mais encarece a gasolina é essa alta carga tributária. E a tendência para os próximos meses é de instabilidade, já que não há perspectiva de mudar a política de preços e também não vemos nada da equipe econômica no sentido de mudar a carga de tributação. Se o governo quisesse reduzi-la, geraria um impacto positivo grande porque isso influencia na gasolina e também no diesel, que está presente desde a lavoura até o transporte rodoviário, que afeta diretamente o preço da maioria dos produtos – avalia.
Federação alerta para reajustes nas refinarias
A direção do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Blumenau (Sinpeb) concorda que o câmbio e a alta no barril do petróleo são os fatores que elevaram o preço e que isso também dificulta a situação dos donos de postos, que têm margens de lucro cada vez menores. Na quarta-feira, a Federação do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) chegou a emitir uma nota alertando para os constantes reajustes da gasolina, que segundo a entidade já somam 42,25% de alta nas refinarias desde julho do ano passado. O texto define a política de preços como “perversa” e diz que vem causando dificuldades financeiras no setor de revenda.
A alta carga tributária sobre a gasolina é um dos temas abordados no Dia da Liberdade de Impostos (previsto para ocorrer no próximo dia 24), que terá a adesão de vários estabelecimentos com a venda de produtos, sem o valor correspondente aos impostos para alertar os consumidores sobre o peso dos tributos no preço final que é cobrado do consumidor.