A variação de preços da cesta básica em Joinville nos primeiros sete meses do ano foi pequena, mas a diferença nos valores de alguns produtos agrícolas chamou a atenção. Comparativo feito por “A Notícia” a partir de pesquisas do Procon mostra que a maior vilã do período foi a batata, que ficou 101% mais cara desde o início do ano.
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Em janeiro, era possível encontrar o quilo a R$ 0,99. Já no início de julho, o valor mínimo saltou para R$ 1,99. No período, houve oscilação de, em média, 3%, para mais ou para menos, todos os meses, no valor total da cesta básica, e a diferença acabou equilibrando o resultado final da compra.
O destaque para este nivelamento fica com o frango, que está 33% mais barato neste mês. No preço geral do kit com 31 itens, a variação foi de -3,3% – R$ 204,76 em janeiro e R$ 198,18 em julho.
Para especialistas, o receio de ter prejuízo com as safras por causa do mau tempo vem fazendo com que os produtores diminuam suas áreas, gerando redução da oferta.
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-Como a segunda safra de batata do ano serve para gerar sementes para o grande plantio, no segundo semestre, há um reflexo imediato no preço. E este valor deve se manter nos próximos meses-, explica Getúlio Tonet, analista de mercado da Epagri em Canoinhas.
O remanejamento da colheita também causou a queda do preço do frango. Com a baixa do milho e da soja, principais rações do animal, o produtor tem um custo reduzido e consegue repassar o desconto. Para Francisco Heiden, analista de mercado na sede da Epagri, em Florianópolis, as exportações também interferem.
-Quando a produção não é enviada para o exterior, os frigoríficos ficam com as câmaras frias cheias e a melhor estratégia é fazer promoção para desafogar o estoque.
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Consumidor nota a diferença
O pequeno Francisco, de dois anos, usa toda a sua força para levantar o grande saco de batatas que estava no carrinho, mas quem sente o peso do produto é o pai, Leandro Koser, que é pesquisador.
O hábito da profissão fez com que ele notasse as variações de preço mesmo quando não tinha costume de levar batata para casa. Agora, não teve mais como fugir. Francisco tem recomendações médicas para inserir o produto no cardápio e Leandro precisa comprar em grande quantidade.
-Nos últimos meses, notei que o preço foi subindo e a qualidade, baixando. Acredito que isso seja reflexo de problemas na produção-, diz.
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Mas se Leandro não tem outra opção a não ser desembolsar mais pelo preço da batata, a fiscal de obras Diva Schmidt vê com bons olhos a redução no valor do frango.
– Em alguns tipos de frango, notei diferença de até R$ 4. É bastante coisa-, comenta.
A variedade de preços e até de promoções da ave fizeram com que Diva – e muitos outros consumidores que passaram pelo setor de congelados – investisse um tempo considerável para escolher os produtos que levou para casa. As plaquinhas com o preço reduzido do frango são o incentivo que os frigoríficos precisam para desafogar os estoques.
Próxima pesquisa do Procon terá carnes, frios e hortifrúti
A próxima pesquisa da cesta básica realizada pelo Procon de Joinville terá novidades. De acordo com Kleber Fernando Degracia, gerente da unidade Cidadania, Trabalho e dos Direitos do Consumidor do órgão e coordenador do estudo, a partir de agora o levantamento vai incluir carnes, frios (como queijo e presunto) e produtos de hortifrúti.
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Alguns dos produtos pesquisados hoje, como o leite em pó, sairão da lista, em função da baixa procura. Por outro lado, Degracia calcula que cerca de 20 novos itens devem entrar na relação. Segundo ele, as mudanças buscam proporcionar um retrato mais fiel da realidade, já que muitos dos produtos mais comprados pelos consumidores não eram contemplados.