O Diário Catarinense entrevistou os três candidatos à prefeitura de Chapecó. Confira abaixo a entrevista com a candidata Luciane Carminatti (PT):
Continua depois da publicidade
DC – Por que o PT e o PCdoB desta vez não se aliaram?
Carminatti – Da nossa parte houve uma tentativa muito grande para que estivéssemos juntos. Temos uma história, uma tradição de um projeto de parceria. Mas, infelizmente, não houve por parte do PCdoB o entendimento no sentido de abrir. Nos parece que já havia há um bom tempo um acordo entre eles. Dois dias antes da convenção, o PCdoB abriu a possibilidade de indicarmos o vice. E mesmo que o PT nunca tenha deixado de ter candidatura a prefeito, fizemos a discussão e indicamos o vice. Mas, no momento em que indicamos o vice, o PMDB cobrou o acordo que havia sido feito. Como havia um acordo anterior, não se conseguiu por parte deles desfazer esse acordo. Da nossa parte fomos até o final para tentar o acordo.
DC – A sua estrela no horário eleitoral é verde. Houve resistência à cor vermelha?
Continua depois da publicidade
Carminatti – Antes de eu me filiar ao PT, nasci em Chapecó. Sou a única candidata nascida aqui, esse é o motivo. Nós não estamos discutindo a presidência do PT, estamos decidindo quem vai governar Chapecó. Fizemos um debate nos dez partidos, cada um tem uma cor. Essa composição tem que refletir o sentimento da cidade, que não é de uma bandeira partidária. O que nos une é o sentimento da cidade, o verde e branco.
DC – Que peso tem o cenário nacional na sua candidatura?
Carminatti – Ainda é cedo para dimensionar. Estamos fazendo muitas caminhadas, conversas. Claro que tem impacto, eu não seria sincera se falasse que não. A dúvida é até que ponto isto decide uma eleição. Na última eleição para prefeito, tínhamos um governo federal que estava em alta. Eu não era candidata, mas ia para todos os municípios em campanha. A foto do prefeito era menor do que a do Lula. As pessoas queriam dizer que eram candidatas do Lula, mas isto não se traduziu em voto. Se no cenário positivo há uma tendência de eleger mais, é relativo, acho que contribui. Mas até que ponto a dimensão local, o sentimento de mudança, até que ponto esse cenário nacional será tão decisivo para impedir que aqui se eleja uma candidata. Os três candidatos têm, de certa forma, influência do cenário nacional. Vamos ter que enfrentar esses temas, a conjuntura, o impeachment. Estamos preparados, mas ele tem um certo limite. As dimensões dos problemas locais serão mais importantes. Hoje há um desgaste de todos os partidos, da classe política como um todo.
DC – Há duas candidaturas de oposição, alinhadas à esquerda. O que a diferencia do candidato Cesar Valduga?
Continua depois da publicidade
Carminatti – A própria composição. O PCdoB em Chapecó tem uma trajetória mais à esquerda, em nenhum momento se coligou com partidos de centro ou direita. Quando se coliga, é claro que você tem uma preocupação. Até que ponto você pode falar de pautas que são mais próprias da esquerda? Até que ponto vai chamar golpe de golpe ou impeachment? São temas que entram em choque numa coligação com o PMDB, que hoje é uma contraposição ao governo atual (de Dilma), cujo PCdoB faz uma brilhante defesa. Esse é um elemento contraditório. O segundo elemento é o plano de governo. O nosso tem um acúmulo de muitos sonhos, debate, estudos. Acredito nessa diferença de as pessoas identificarem que aqui está a oportunidade de mudar e fazer diferente.
DC – Existe mágoa quanto à atuação do Estado no Oeste?
Carminatti – Não diria em relação ao Estado, mas há um sentimento histórico de que o Oeste recebe menos recursos, menos equipamentos públicos e em um tempo mais tardio. Exemplo é o Hospital Regional, precisamos reverter isso. Vamos acionar o Ministério Público nisso. Comparando com outros hospitais, Chapecó recebe infinitamente menos. Tem um sentimento em relação à saúde, ao ensino. Tivemos a Udesc depois de 50 anos em Chapecó, temos apenas dois cursos. Tem entendimento, sim, de que o Oeste é discriminado.
DC- Como deputada, o que a senhora fez pela permanência da Câmara Especial Regional?
Carminatti – Houve uma audiência chamada pela OAB com todos os deputados. Como estou na primeira comissão da Assembleia, que é a CCJ, a criação desses 32 cargos (a serem criados de desembargador) tem de passar por esta comissão e estou lá. Deixei claro que vou fazer meu papel de colocar na mesa a Câmara Especial. É usar do poder de pressão para negociar a permanência da Câmara. É um compromisso que assumi. Tem três formas: pelo parlamento, pelo próprio Tribunal corrigindo esse erro e outro é o governador vetando caso tenhamos algo que prejudique.
Continua depois da publicidade
DC – Como é sua relação com o governador e como seria caso eleita?
Carminatti – Sempre trabalhei muito no respeito e diálogo. Com o governador já sentei muitas vezes para tratar de recursos, da segurança em Chapecó. Pretendo tratar assim. É uma autoridade, tem de ser respeitada. Se eu for prefeita, vou sentar com quem precisar.
DC – Chapecó é uma cidade polo e segue crescendo. Como atender às demandas e obter recursos?
Carminatti – Precisamos abrir as contas da Prefeitura. Há muitas dúvidas com relação aos números. A atual administração diz que a Prefeitura está equilibrada, mas encontro empresários todos os dias que estão sem receber há um ano. Alguma coisa está errada. Temos de abrir números, contratos, serviços e analisar o conjunto. Ver o que é possível rever, o que não é, o que é adequado, o que afeta mais a população. Prazos, empréstimos, juros, temos que olhar. Há serviços que podemos melhorar utilizando serviços existentes. O prefeito de Pinhalzinho injetou R$ 1 milhão em uma usina de asfalto. Fez consórcio entre municípios, estruturou a usina e hoje faz asfalto até o acesso ao interior 40% mais barato que Chapecó. A ideia central é boa. Não só prestarmos serviços contratando. Há muitos serviços que a Prefeitura pode fazer. Precisamos de uma gestão mais moderna, integrar as informações. Tenho conversado com as universidades, todas podem ajudar na qualificação do serviço público, tem interesse em ampliar as parcerias. Queremos avançar nas parcerias aproveitando o que há de melhor em cada instituição. Vamos bater à porta.
DC – Algumas obras, como o aeroporto, como agilizar esses projetos para dar conta do crescimento?
Continua depois da publicidade
Carminatti – Sobre o aeroporto, temos um problema a enfrentar. É o plano aeroviário, que não tem, precisamos fazer. Sem ele não dá para pensar a ampliação do aeroporto. Precisamos garantir recursos para a indenização dos proprietários no entorno. O plano e a indenização são demandas do Estado e do município que precisamos liderar, buscar recursos e efetivar, elaborar o plano. Recursos para o terminal e para o aparelho, temos a informação de que dois aeroportos entraram no plano de investimentos do Governo Federal: o de Florianópolis e o de Chapecó. Significa que precisamos liderar um movimento para que tudo isto funcione. Só vem melhoria se tivermos o plano e recursos para indenização.
Nuvem de palavras da candidata