“O crescimento desordenado das cidades é realidade mundial. Segundo dados da ONU, metade da população do planeta vive em áreas urbanas. Em 1950 havia 86 cidades com mais de 1 milhão de habitantes e em 2015 serão mais de 555. Para que se dê um mínimo de organização a estas metrópoles e para que seus habitantes usufruam de uma qualidade de vida aceitável é necessário planejamento. Até 2001, quando foi criado o Estatuto das Cidades, a questão estava pouco definida e o planejamento ficava a critério de algum gestor de visão mais aberta.
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Em Santa Catarina, Joinville foi uma das primeiras cidades a ter um Plano Diretor em 1965, sob responsabilidade do famoso arquiteto Jorge Wilheim, recentemente falecido. As ideias preconizadas por ele há 50 anos ainda se mostram atuais, tais como necessidade de um adensamento urbano (hoje o perímetro urbano de Joinville é maior do que Curitiba, com população quatro vezes maior); acentuar a linearidade do sistema viário estrutural; criar um centro secundário. Graças à colocação em prática de muitas de suas sugestões, hoje a cidade tem um alto nível de desenvolvimento humano. Como os interesses dentro de uma comunidade são bastante divergentes, o poder público deve trabalhar para construir o consenso possível. Para que isso aconteça, como dizia Wilheim, “é preciso que haja transparência nas ações de governo e capacidade de comunicação, nos dois sentidos, entre governo e sociedade”.
Precisamos de mais visionários urbanistas, tais como Wilheim, Raquel Rolnik, Ermínia Maricato e Jaime Lerner. É necessário conjugar ousadia com vontade política. O futuro se constrói hoje com ideias avançadas. Caso não façamos a nossa parte, podemos legar cidades fantasmas para nossos netos.”