Pesquisador Paulo Ricardo Schwingel coordenou em Santa Catarina o estudo sobre a tainha, que será apresentado pela primeira vez no Brasil, na próxima semana, no Congresso de Biologia Marinha no Costão do Santinho. Próxima etapa do projeto é rastrear os cardumes pela costa brasileira.
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Diário Catarinense – O que se pode fazer para inverter essa situação?
Paulo Ricardo Schwingel – Por enquanto nada. A informação foi confirmada, mas precisamos de duas ou três safras ruins em sequência para dar o sinal de alerta. E mesmo assim, quando isso acontecer, não poderemos fazer nada, porque não existe no Brasil um comitê permanente de gestão para peixes como a tainha. Só eles poderiam avaliar questões como esta e encaminhar orientações a Brasília.
DC – O que falta descobrir?
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Schwingel – Há muitas coisas sobre a tainha que ainda são desconhecidas. O que tem causado a redução da espécie no mar, por exemplo, é a principal delas. Outra é até onde ela vai e o caminho que ela faz para retornar, que, certamente, não é o mesmo da ida. Mas isso faz parte da segunda etapa do projeto, cujos resultados já teremos na metade do próximo ano.
DC – O que mais se descobriu na pesquisa?
Schwingel – Várias outras coisas, como a área de reprodução das tainhas durante a migração. Ela que ocorre entre Itajaí e Paranaguá (PR), onde o peixe encontra condições ambientais ideais, como temperatura e oferta de alimento para sustentar a larva que está para nascer. Também detectamos que a migração não é contínua, como achávamos. Ela ocorre em impulsos que são determinados pela entrada de frentes frias: a quantidade delas, a intensidade e a duração. Em 2012, na pior safra dos últimos anos, temos indicativos de que alguns cardumes ficaram retidos em Torres devido às poucas frentes frias. Ou seja, nem chegaram em Santa Catarina.
DC – Quais os próximos passos?
Schwingel – No início da próxima semana, os resultados da pesquisa serão apresentados pela primeira vez no Brasil, no 4º Congresso de Biologia Marinha, no Costão do Santinho. E outra boa notícia é que, ainda este ano, um segundo projeto deve sair do papel, a Rede de Rastreamento de Animais Oceânico do Brasil. Iremos marcar algumas tainhas com sensor para acompanhar detalhes da migração da espécie. O projeto é financiado pelos governos brasileiro e canadense.
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