A falta de água que afeta a rotina de moradores de diversos bairros da Grande Florianópolis – sobretudo daqueles em áreas de final de rede – poderia ter sido evitada com investimentos em reservação. A afirmação é da engenheira e presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental de Santa Catarina, Fernanda Vanhoni, durante entrevista ao programa Direto da Redação da CBN Diário na manhã desta quinta-feira (8).
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Segundo ela, a redução da vazão do Rio Pilões em cerca de 30% ocorre numa época em que é comum chover menos. Além disso, as áreas mais afetadas costumam ser sempre as mesmas – bairros mais afastados das estações de tratamento de água e municípios do interior do Estado.
— Para lidar com essa situação, que é recorrente, precisaríamos aumentar em 50% a nossa capacidade de reservação de água. Temos visto muitos investimentos na área de coleta e tratamento de esgoto, o que é muito importante para Santa Catarina, mas isso acaba comprometendo recursos e colocando em segundo plano ações como a construção e expansão da capacidade de captação e armazenamento.
Ouça a entrevista:
A engenheira também demonstrou preocupação com a não manifestação da Companhia de Águas e Saneamento (Casan) sobre a possibilidade de aumento da captação do rio Cubatão. Ele contribui com 1,35 mil litros de água por segundo – ao lado do Pilões, com 1,30 mil litros por segundo.
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— Só ouvimos a manifestação da empresa sobre a redução de 30% do volume coletado em Pilões, quando seria importante aumentar a litragem onde as recargas naturais são mais eficazes.
A Casan se manifestou por meio de nota enviada pela Assessoria de Imprensa, antes da entrevista. De acordo com a empresa, o prolongamento da estiagem baixou o volume dos rios em até 60% na Grande Florianópolis e está afetando o abastecimento em bairros localizados em regiões mais altas — as chamadas pontas de rede.
Ainda conforme a empresa, as equipes técnicas trabalham para minimizar os transtornos nestas áreas e 90% dos usuários ainda não foram afetados pela situação, mas todos devem colaborar com a economia e prevenção.
— A Casan opta por não falar em racionamento, mas é, de fato, uma redução no fornecimento — afirmou a presidente da Abes/SC.
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Sem previsão de normalização
Na tarde dessa quarta (7), a Casan alertou especificamente a população de Biguaçu, que está apresentando intermitência (interrupções no abastecimento) desde o último final de semana.
"Isso ocorre em função da redução de vazão na captação de água do principal manancial que abastece a região, o Rio Vargem do Braço. Segundo o gerente da Agência da empresa em Biguaçu, Marcelo Osvaldo Nascimento, não há como precisar a normalização do abastecimento, haja vista que não existe previsão de chuvas intensas nos próximos dia", indicou a nota.
O meteorologista Leandro Puchalski, da Central NSC de Meteorologia, confirmou que os modelos não indicam chuva para os próximos dias em volumes suficientes para reabastecer os mananciais.
A partir de um levantamento feito com dados dos últimos 18 anos, Puchalski apurou que em 10 deles a chuva ficou muito abaixo da média na Grande Florianópolis, o que demonstra a recorrência dos períodos de estiagem.
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