Faltando menos de um mês para o início das convenções que vão definir candidaturas e alianças para as eleições de outubro, a movimentação entre os partidos está diretamente ligada ao número de filiados e sua capacidade de mobilização. Um levantamento do Santa feito a partir das informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que entre as 10 maiores legendas de Blumenau, cinco siglas que possuem pré-candidatos ao Executivo registraram crescimento no número de filiados entre maio do ano passado e maio de 2016: PMDB, PT, PSDB, PDT e PRB.
Continua depois da publicidade
As maiores movimentações ocorreram nos diretórios do PDT e PRB, que têm Ivan Naatz e Alexandre José como pré-candidatos à disputa pela prefeitura. De 2015 para cá, o núcleo pedetista passou de 1.502 para 1.869 filiados. É quase 90% da evolução do partido nos últimos quatro anos – em maio de 2012, a sigla tinha 1.443 filiados no município (veja a tabela ao lado).
No caso do PRB, a filiação de Alexandré José garantiu um crescimento de 25,7% para a legenda no último ano. O presidente da sigla, Walter Salvador, reconhece que ter um pré-candidato dá mais visibilidade ao grupo e ajuda nas negociações das alianças.
– Pelo fato de termos como pré-candidato um comunicador que é bastante conhecido na cidade, ganhamos muitos filiados neste período. Isso nos ajuda na construção das coligações, porque não descartamos a chance de uma parceria sendo vice em outra chapa – afirma.
Continua depois da publicidade
O PSDB do prefeito Napoleão Bernardes cresceu 7% no último ano, mas é a evolução da legenda entre maio de 2012 e maio deste ano que demonstra o impacto do mandato tucano no tamanho do partido. Na época, quando Napoleão se preparava para disputar a primeira eleição para prefeito, o ninho do PSDB tinha 2.099 filiados. Hoje, soma 2.315.
Na trincheira oposta, o PT teve uma evolução mais tímida, de 1% entre maio de 2015 e maio de 2016 (e 7,92% nos últimos quatro anos). Com a candidatura confirmada de Valmor Schiochet, o comando da legenda também acredita que o cenário polarizado nacionalmente interfira no tamanho da sigla na cidade.
– Com o acirramento da disputa em Brasília, quem tinha certa simpatia com o PT, mas não se envolvia, acabou tomando partido, especialmente os jovens – comenta o presidente da sigla em Blumenau, Éder Lima.
O PMDB, maior partido da cidade, com mais de 10 mil filiados, estuda a ideia de uma candidatura própria, provavelmente de Marcelo Lanzarin, ex-secretário de Saúde de Blumenau na gestão João Paulo Kleinübing (PSD). No último ano, o partido cresceu 1%, mas a evolução entre 2012 e 2016 é negativa: de lá para cá, a sigla perdeu 582 filiados.
Continua depois da publicidade
Fora dos 10 maiores,
PSD cresce 493%
Apesar de não configurar entre os 10 maiores partidos em número de filiados da cidade, o PSD registrou 493% de crescimento nos últimos quatro anos, passando de 185 inscritos para 332. A legenda, criada em 2011 a partir de dissidentes do DEM, PP e PSDB, tem na região o nome forte do ex-prefeito João Paulo Kleinübing e dos deputados estaduais Ismael dos Santos e Jean Kuhlmann – que foi candidato na última eleição e deve concorrer novamente.
– A meta é chegar a mil filiados até o fim do ano. Isso se deve ao trabalho dos deputados e pré-candidatos e ao fato de sermos um partido novo, que está se organizando. Ter um pré-candidato é determinante para as filiações – diz Kuhlmann, que também é presidente da sigla em Blumenau.
Campanha mais curta requer apoio da base
A relação entre o número de filiações e as pré-candidaturas a prefeito se torna ainda mais importante neste ano, que terá um período eleitoral menor que em pleitos anteriores. Esta é a avaliação do professor da Univali e mestre em Sociologia Política, Eduardo Guerini.
– Candidatos a vereador e a prefeito trazem filiados aos partidos para garantir base política. A campanha de 2016 será curta o que vai exigir muito mais esforço, por isso a militância é fundamental.
Continua depois da publicidade
Guerini completa que o tamanho de um partido também influencia na distribuição dos cargos comissionados no poder público.
– Os partidos pequenos precisam de estrutura para não serem tão pequenos e conseguirem espaço nas alianças. Com militância dentro de alianças fortes eles garantem cargos na gestão vencedora, e entrar no aparato público dá um certo status na nossa sociedade.
O doutor em Ciências Sociais e professor da Furb, Marcos Mattedi, lembra que o Brasil tem hoje 35 partidos e que esta fragmentação pulveriza as filiações:
– Isso é resultado de outros fatores. Há uma flexibilização da legislação que permite ser muito fácil criar um partido, além da perda de legitimidade das siglas tradicionais. Isso aumentou a paleta ideológica na política, ressaltando que hoje muda-se de partido por conveniência, e não ideologia. Isso tornou as siglas uma gelatina ideológica.
Continua depois da publicidade