A alta quantidade de pessoas que tiveram lesões por contato de água-viva no último fim de semana motivou uma reunião entre os comandantes do Corpo de Bombeiros para definir condutas a serem tomadas. Desde o início da temporada até esta segunda-feira, foram atendidas 43.528 pessoas pelos guarda-vidas em todo o litoral. No ano passado, neste mesmo período foram 20.403 casos. Mais da metade das ocorrências aconteceram em praias do Sul do Estado.
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Como ação preventiva, os bombeiros decidiram aderir à bandeira lilás, conforme a sinalização internacional para prevenção em áreas aquáticas, indicando a presença de animais marinhos perigosos.
A bandeira ainda será confeccionada e distribuída entre os postos, mas o coronel Onir Mocellin, comandante do Corpo de Bombeiros Militar, espera que a sinalização esteja disponível ainda para esta temporada. Ela deve ser utilizada como uma bandeira secundária, junto à bandeira que orienta sobre as condições do mar. Enquanto isso, a orientação é que os banhistas fiquem atentos se há presença de águas-vivas na areia da praia e verifiquem com os guarda-vidas se é seguro entrar na água.

Durante o fim de semana, foram registradas ocorrências com dois tipos de águas-vivas: a medusa (Olindias sambaquiensis), tipo mais comum, que causa reação semelhante a urticária na pele, e a caravela (Physalia physalis), que possui tentáculos grandes, geralmente com mais de um metro e deixa marcas parecidas com chicotadas. As caravelas podem causar lesões graves e desencadear reações alérgicas, chegando ao choque anafilático e obstruindo as vias aéreas. A recomendação em caso de contato com águas-vivas é procurar o posto de guarda-vidas mais próximo.

Aumentam casos no Norte do Estado
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O oceanógrafo e pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Charrid Resgalla Júnior explica que não há como destacar um único fator para o aumento do número de águas-vivas no litoral catarinense, mas lembra que o verão sempre tem picos, até porque cresce a quantidade de pessoas no mar
— O pessoal sempre se assusta, é um número alto, mas é uma coisa corriqueira, que tem acontecido nos últimos verões. Esse ano em particular está diferente porque estamos tendo muitos casos no Norte do Estado, que antes não tinha tanto.
O pesquisador explica que uma das possibilidades é que uma espécie menos corriqueira no litoral catarinense esteja na costa, a Chrysaora lactea. Segundo ele, exemplares foram encontrados no Norte de SC em profundidade e poderiam estar causando lesões junto com a espécie mais comum, a Olindias sambaquiensis.
Repelente em desenvolvimento
Pesquisadores da Univali estão desenvolvendo fórmula de repelente contra água-viva. A expectativa é que o produto seja concluído até a próxima temporada. A ideia é ter um princípio ativo junto com o protetor solar, para ser aplicado antes de entrar na água.
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— A gente ainda não conseguiu uma formulação estável para colocar no mercado, mas estamos debruçados sobre isso — diz Resgalla Júnior, que acrescenta que seria o primeiro produto desse tipo desenvolvido no país.