A praia do Grant, uma das mais tranquilas e belas do Norte de Santa Catarina, está triste e irreconhecível. A ressaca do fim de semana deixou um rastro de destruição no pequeno balneário de Barra Velha. Várias palmeiras plantadas entre o asfalto e a faixa de areia foram levadas embora. Os bancos de alvenaria, estrategicamente instalados onde é possível ficar admirando o horizonte e a ilha do Grant, foram arrancados pela força da maré. O asfalto terá de ser refeito em pelo menos metade da extensão da praia.
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A praia do Grant foi apenas uma das dezenas de praias atingidas em todo o litoral do Estado. No Norte, é a que possivelmente levará mais tempo para ser recuperada, já que a base do asfalto foi levada embora, junto com boa parte do gramado que dava acesso à faixa de areia. A areia que cobriu a rua da Praia foi retirada nesta segunda-feira por uma equipe da Prefeitura.
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Agora, as secretarias de Obras e de Trânsito de Barra Velha devem providenciar os reparos na rede pluvial, nas calçadas, meios-fios e a manutenção de todo o asfalto. Mas tudo deve ficar pronto ainda antes do começo da temporada, que inicia oficialmente no dia 12 de dezembro e se estende até início de março. A expectativa é de que a limpeza e a reconstrução dos locais atingidos durem pelo menos duas semanas.
Em Barra Velha, a prioridade ainda é a retirada da areia da avenida Beira-mar, na praia Central e na rua Armando Petrelli, na praia conhecida como da Península, que dá acesso à ponte pênsil, na zona Norte da cidade.
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Na segunda-feira, pelo menos três equipes trabalhavam na retirada de toneladas e toneladas de areia que ficaram sobre ruas e calçadas. O trânsito na avenida da praia Central está interditado desde a madrugada de sexta para sábado, quando a maré subiu pelo menos quatro metros e a água chegou até a segunda quadra da praia.
Operação
Pelo menos 20 homens trabalham retirando a areia com pás para evitar a destruição ainda maior do que restou do calçadão que ficou sob a areia.
– Estamos tentando evitar estragos maiores. Como a areia cobriu a calçada e a rua, não dá para saber o que foi destruído ou está só coberto. Então, estamos tirando a areia com calma para não estragar ainda mais – disse o responsável por uma das equipes, Cesário Luz.
A rede elétrica subterrânea que foi instalada no calçadão ficou exposta em alguns pontos. Em outros, será preciso refazer não só a rede, mas toda a calçada de paver. A guarita dos salva-vidas que foi arrancada pela força das ondas já foi retirada e terá de ser reconstruída.
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A rua que virou duna
O cenário na rua Armando Petrelli, que liga o Centro de Barra Velha à barra da lagoa e ao rio Itapocu, no limite com Balneário Barra do Sul, ainda é de uma mistura de dunas com ruas e restinga. Os montes de areia se multiplicam e só é possível reconhecer o traçado da rua pelas calçadas das casas do lado da lagoa.
– O susto maior foi na madrugada de sexta para sábado. Parecia tudo um rio, uma cachoeira, com muito barulho das ondas – disse a moradora Bianca Luzia Tammenhain.
Ela e outras duas vizinhas passaram boa parte do dia limpando as calçadas e os terrenos. Em vez de vassouras, pás e enxadas para retirar a areia, que chegou a 40 centímetros na frente das casas.
Uma pequena retroescavadeira refazia o caminho para que a rua pudesse ser reaberta. Não há previsão para que o trânsito de veículos leves possa voltar à rua. Quem precisa chegar às últimas casas da rua deve percorrer uma estrada de chão, do outro lado da lagoa, e atravessar a pé pela ponte pênsil.
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Moradora do local, Sueli Terezinha Heidemann também passou o dia retirando a areia de frente da casa.
– Desta vez, pelo menos, não entrou aqui em casa. Mas algumas casas, mais pra frente, ficaram debaixo d?água – disse Terezinha.
Como a maioria das casas da rua é de veranistas, é possível que os proprietários só possam ter a dimensão exata do que aconteceu no próximo fim de semana.
Trabalho em toda a costa da região
O dia também foi de trabalho intenso em Balneário Barra do Sul, São Francisco do Sul e Itapoá, onde duas famílias ficaram desalojadas na localidade de Balneário Paese. A Prefeitura já recolheu os destroços de um dos seis postos de salva-vidas que ficaram danificados. Em Itapoá, pelo menos dez quilômetros da orla foram atingidos pela água. Uma casa tem risco de desabar.
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Em São Francisco do Sul e Balneário Barra do Sul, a erosão marítima deixou muitos resíduos na beira da praia. Na praia Grande, equipes das secretarias de Obras, Meio Ambiente e dos Balneários trabalharam juntas na limpeza dos locais mais atingidos. Resíduos que encheram pelo menos 25 caminhões foram retirados da praia.
Estado de emergência em Navegantes
A maré alta que causou estragos nas cidades do litoral levou a Prefeitura de Navegantes a decretar estado de emergência ontem. O documento, com detalhes sobre os danos causados pela ressaca, será encaminhado à Defesa Civil Nacional para homologação. A expectativa é que a medida agilize a liberação de recursos para os consertos necessários.
A administração tem pressa para recuperar a área atingida até o início da temporada – o Gravatá, bairro mais atingido pela força das águas, tem uma das praias mais movimentadas da região.
Também há preocupação em relação à segurança. O deque foi destruído e as áreas próximas à estrutura, além do estacionamento e do calçadão, correm risco de desabamento. A Defesa Civil pede que moradores e turistas evitem circular por ali.
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A ressaca arrancou parte das pedras que integravam o sistema de contenção da orla e assoreou o sistema de drenagem pluvial nas ruas, no rio das Pedras e na barra do rio Gravatá.