Um dia depois de a Justiça desinterditar o litoral de São Francisco do Sul e Itapoá, pouca gente procurou as praias da região, que ficaram quase vazias no sábado. A cena se repetiu neste domingo. Aqueles que recorreram ao mar para aliviar o calor, surpreenderam-se ao não encontrar as placas fixadas no dia anterior, proibindo o banho.
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– Próprio? Estranhei quando vi as placas que liberavam o banho. E ainda estou de olho. Se a proibição de banho voltar, todos nós sairemos do mar – disse a veranista Geane Moreira, 42 anos, de Joinville, que passou o sábado na Prainha ao lado da filha Mariana, de 3 anos.
Houve ainda quem curtiu o mar despreocupado. A turista Ivete Possan, 55 anos, de Ponta Grossa (PR), admitiu que entrou na água na sexta-feira, quando as placas de interdição estavam espalhadas pela orla. Para ela, que também deu um mergulho no sábado, a praia da Ponta da Enseada estava perfeita.
Mas nem todo mundo ficou feliz com a tranqüilidade nas praias de São Francisco do Sul.
O cenário contrastante de um sábado quente e praias vazias retratou o desespero dos comerciantes. Para Quirino Dias, que ganha a vida vendendo água de coco aos turistas e veranistas, a situação piorou – e muito – depois que a barcaça virou e o óleo se espalhou pelo litoral.
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– Essa história prejudicou todo mundo, do vendedor ao comerciante. O pior é que dependemos disso para viver. A gente já dá graças quando chega a temporada para ganhar um dinheiro e acontece isso. Já teve dias que voltei com o pé cheio de piche, mas agora não. A água está limpinha, mas fica aparecendo notícias sobre a interdição na TV – desabafou, indignado.
O comerciante Jurandir Dides Schatzmann também sentiu os reflexos do vazamento de óleo no movimento em sua lanchonete. Ele calcula um prejuízo de 30% a 40% e planeja se unir a outros comerciantes numa eventual ação contra a Norsul.
– Nós todos estamos ferrados. O mal já foi feito. Olha esse dia quente e a praia vazia. Era para estar cheia. Foi óleo, chuva, temporada curta e a interdição. Pelo menos, foi rápida. Se as placas não tivessem sido retiradas, teríamos de enfrentar a desvalorização dos terrenos – disse.
Pedro João Albano, proprietário de um restaurante na Prainha, pensa diferente. O problema, para ele, não é o óleo.
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– Os banhistas continuaram vindo, mesmo com as placas e o piche, que aparece em qualquer situação. É só a maré mudar que vem piche de outros barcos. O que não é justo é tentar ganhar em cima dos outros. Tem gente até tirando piche grudado em pedra, para mostrar que sofreu com o dano – denunciou.