A Praia do Moçambique, em Florianópolis, recebeu nesta sexta (30) a designação de Reserva Nacional de Surfe. A localidade foi uma das quatro selecionadas de todo o Brasil pelo Instituto Aprender, junto com as praias do Francês, em Marechal Deodoro (AL), Itamambuca, em Ubatuba (SP), e Regência, em Linhares (ES). Esta é a primeira vez que o título é distribuído nacionalmente.

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Para ser considerada uma reserva, a praia deve ser um destino icônico do surfe e também ser referência em conservação ambiental. A iniciativa é inspirada no Programa Mundial de Reservas de Surfe, coordenado pela Save the Waves Coalition, que reconhece praias a nível mundial — a Guarda do Embaú, em Palhoça, é considerada reserva mundial de surfe desde 2016.

Por que Praia do Moçambique, em Florianópolis, pode virar primeira Reserva Nacional de Surfe

Inicialmente, o Instituto Aprender iria selecionar uma vencedora entre as cinco finalistas brasileiras — que incluíam também a Praia do Sumidouro, em São Francisco do Sul, no Norte catarinense. Com a escolha de quatro vencedoras, forma-se a Rede Brasileira de Reservas de Surf.

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— O resultado com quatro praias escolhidas ao mesmo tempo reflete o alto nível técnico e de engajamento social das candidatas. Além disso, começar com a Rede é muito importante, pois a troca de informações entre as Reservas fortalece muito a implementação — comenta Mauro Figueiredo, que coordenou a elaboração do Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS) e é membro da Diretoria do National Surfing Reserves, da Austrália.

As praias foram avaliadas em quatro quesitos: qualidade das ondas; características sócio-ecológicas do ecossistema de surfe; cultura e desenvolvimento do surfe no local; e engajamento comunitário. Agora, as comunidades vencedoras devem formar um comitê e criar um plano de gestão, além de um evento de celebração para a titulação como Reserva Nacional de Surf.

A ideia é que o comitê de gestão atue na defesa do desenvolvimento sustentável da praia, conforme o Instituto Aprender. A designação terá duração de dois anos, quando precisará ser renovada.

O que a praia ganha virando reserva?

A nomeação como reserva não significa que outras atividades, como a pesca e o banho, serão restringidas na praia. Segundo Fabricio Almeida, presidente do Instituto Aprender Ecologia, o intuito do projeto é o contrário: reunir representantes de vários âmbitos da comunidade em um comitê, podendo defender os interesses locais com os governos e entes privados.

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— O objetivo é reconhecer picos icônicos do esporte e também conservar esse lugar, para que ele continue a gerar economia de uma forma sustentável. Preservando, a gente gera economia e mantém aquele lugar para as nossas gerações e também para as próximas — explica Fabricio Almeida.

Preservar o entorno é do interesse da comunidade do Moçambique. Segundo o biólogo Márcio Mortari, que inscreveu a praia no programa, a ideia é proteger a região da especulação imobiliária, que, segundo ele, ameaça ondas raras.

— Atualmente Floripa está em fase de expansão da cultura ambientalista. Queremos qualificar a relação do surfe para além do surfe, em áreas que envolvem a ecologia, a educação ambiental, a permacultura e saúde integral — declarou ele.

Veja as praias que se tornaram Reserva Nacional de Surfe

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