Todos os pontos da praia alargada de Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense, estão impróprios para para banho, segundo análise do Instituto do Meio Ambiente (IMA), feita na última segunda-feira (12). O volume de chuva do início do mês e o esgoto irregular podem contribuir para este fator.

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A professora doutora em biologia molecular e biotecnologia da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Vanessa Gonçalves, explica que os temporais contribuíram para o prejuízo da qualidade dos mares.

— A chuva altera bastante a balneabilidade porque todo o esgoto e eventuais rejeitos que são liberados de maneira irregular, nos rios e córregos ao redor, acabam sendo carregados de maneira mais densa para o mar — explica Gonçalves.

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Outros fatores podem influenciar no resultado da pesquisa, realizada pelo IMA semanalmente. A própria vinda de turistas, o alargamento da faixa de areia e a temperatura do ar e da água são pontos relevantes, de acordo com a especialista.

— O que mudou muito nos últimos dias foi o volume de chuva. A vinda de turistas ainda não é tão alta, porque a gente ainda está em dezembro, e o alargamento da faixa já foi feito antes. Se a gente for olhar os dados do IMA, vai ver que Balneário Camboriú não é a única cidade afetada — contextualiza.

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Já o professor de Ecologia e Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Horta, chamou a atenção para um cenário de “saneamento deficitário”, que veio à tona com as chuvas.

— As condições ambientais impostas pela combinação do evento extremo com as carências de saneamento acabam produzindo condições que aumentam a viabilidade destes micro-organismos que causam doenças de veiculação hídrica — explicou.

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No entanto, a Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) de Balneário Camboriú questiona a avaliação feita pelo IMA. O diretor-geral da Emasa, Douglas Costa Beber, destacou que as coletas realizadas no dia 12 de dezembro pelo IMA já “mostram a quantidade de e-coli muito abaixo da coleta anterior”, feita em 5 de dezembro. O monitoramento anterior aconteceu pouco depois da chuva forte e intermitente castigar parte do Litoral catarinense. Isso, segundo Beber, interferiu no resultado da análise.

Pelo laudo do IMA, que monitora semanalmente mais de 100 praias do litoral do Estado, durante a temporada de verão, a última vez que a Praia Central teve trechos próprios para banho foi em 21 de novembro. Na ocasião, apenas dois pontos de coleta estavam inadequados.

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Para um local ser considerado próprio, em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas cinco semanas nesse ponto, deve haver, no máximo, 800 bactérias da espécies por 100 mililitros.