Tomar banho de mar é um ritual comum para quem mora próximo ao litoral, principalmente durante a temporada de verão. É algo simples para a maioria das pessoas, mas também pode ser um grande desafio para quem tem mobilidade reduzida. Um projeto foi criado em São Francisco do Sul para levar ao mar, com auxílio de uma cadeira de rodas anfíbia, todos os deficientes físicos, idosos, gestantes ou pessoas com dificuldade de locomoção que queiram ter acesso à praia.
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A "Praia Acessível" foi criada há três anos e uma nova temporada acontece desde a última semana até 17 de fevereiro na praia da Enseada. Todas as sextas-feiras, sábados e domingos, das 8 às 11h30 e das 16 às 19 horas, os bombeiros militares de um dos postos salva-vidas trabalharão em conjunto com profissionais da Secretaria de Esportes do município para fazer o atendimento ao público. São eles que recebem as pessoas e as levam até o mar.
O projeto nasceu do trabalho da Secretaria de Assistência Social e do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comde). Um dos integrantes do conselho, André Luciano Podkova, 27 anos, também é um frequentador assíduo da praia. Ele nasceu com paralisia cerebral e precisa do auxílio de uma cadeira de rodas para se locomover.
Nascido no Paraná, o jovem vive há 13 anos em São Francisco do Sul e sempre gostou de praia. A diferença é que antes precisava de alguém para levá-lo nos braços até a água para conseguir tomar banho de mar. Hoje, conta com a ajuda de cadeira de rodas feitas com material resistente à água salgada e boias flutuadoras.
— Antes eu vinha até a areia e o pessoal me dava uma mão, mas agora venho com mais frequência por causa do projeto. Tem toda uma equipe preparada para atender a todo mundo com carinho — conta.
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A conquista da acessibilidade para deficientes físicos e pessoas com mobilidade reduzida foi a realização de um sonho para André. Ele foi um dos que lutou para conseguir as cadeiras anfíbias e, atualmente, cada atendimento realizado no projeto é uma história diferente que faz ele recarregar as energias.
— Eu me sinto satisfeito com o que vejo e ouço das pessoas que passam por aqui. Para mim, por exemplo, a água salgada é uma forma de me renovar para a semana. Depois que vim morar em Santa Catarina, só saio daqui quando Deus mandar — comenta.
Segundo André, os levantamentos realizados anualmente mostram que são feitos a cada temporada de 100 a 150 atendimentos pelo "Praia Acessível". O espaço é aberto para moradores de São Francisco do Sul e todos os turistas que frequentem a Enseada.
Prefeitura quer ampliação do projeto
O secretário de Assistência Social, Luiz Arnaldo Martins, revela que o desejo do município é ampliar a acessibilidade para os deficientes físicos nas praias do município. Um dos objetivos é criar um parque adaptado ao lado da área usada para o projeto atualmente na praia da Enseada. Uma das atrações seria uma quadra de vôlei adaptada.
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— A vontade é fazer uma área de referência toda adaptada para pessoas com deficiência. É um sonho que procuramos parceiros para viabilizar — explica.
Segundo o secretário, hoje a Prefeitura não tem condições financeiras o suficiente para colocar em prática essas ideias. O atual projeto apenas começou porque também houve a doação de uma primeira cadeira anfíbia por um integrante do Comde. Hoje, são três cadeiras anfíbias, uma cadeira para passeio na orla e uma plataforma para colocar a cadeira de rodas.
Além disso, há um acesso de calçada adaptado à faixa de areia, chuveiros adaptados e um banheiro também preparado exclusivamente para deficientes físicos, que fica no posto de guarda-vidas.
O sargento Alexandre Lopes de Souza, dos Bombeiros Militares, é um dos apoiadores do projeto. O posto de salva-vidas disponibiliza um bombeiro para trabalhar exclusivamente ajudando às pessoas com mobilidade reduzida a entrarem no mar da Enseada.
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— Nós achamos esse trabalho muito importante e esperamos que seja uma sementinha para que ele seja levado para todo o Estado — comenta.
Ele defende também que o projeto "Praia Acessível" seja institucionalizado pela Prefeitura. Desta forma, teria recursos destinados para este fim e não ficaria na dependência de parceiros ou doações para ter continuidade.