A três semanas do começo da nova legislatura, os partidos políticos do Litoral Norte já trabalham nos bastidores. O objetivo é iniciar o mandato em 2013 com o novo presidente da Câmara de Vereadores definido ou, no mínimo, com os concorrentes ao cargo escolhidos para uma eleição.
Continua depois da publicidade
Nas duas maiores cidades da região, o cenário no Legislativo é semelhante: ocupando a minoria das cadeiras, a oposição deve aguardar o posicionamento das bases aliadas para definir se lança ou não candidato. A tendência, porém, é que a disputa para a vaga mais cobiçada das câmaras fique somente entre a situação.
Em Itajaí o atual presidente e vereador reeleito Luiz Carlos Pissetti (DEM) já anunciou que, por decisão pessoal, não será candidato. A bancada que apoia o prefeito Jandir Bellini (PP) levantou diversos nomes para comandar a Casa nos próximos dois anos. Atualmente dois concorrentes continuam na briga pela presidência: Osvaldo Gern (PP) e Laudelino Lamim (PMDB). Ambos foram reeleitos e tentam presidir a Câmara pela primeira vez.
– Como tenho experiência, estilo conciliador e trânsito bom entre todos os partidos, houve a oportunidade de me apresentar como candidato. Cada um está buscando os votos dos companheiros e a ideia é ter a oposição na mesa diretora, para que o processo seja democrático e independente – diz Gern.
Por enquanto as articulações ainda não são oficiais, já que as legendas aguardam a diplomação dos eleitos em outubro. O ato ocorre em todos os municípios até 19 de dezembro. Embora considere possível um consenso da base aliada para indicar o futuro presidente do Legislativo, Lamim acredita que a disputa interna deve realmente ocorrer.
Continua depois da publicidade
– Tudo é possível, e não se descarta um acordo. Mas acho difícil porque o posicionamento do PMDB é que esta vaga deve ficar com nosso partido – afirma o vereador.
Os partidos de oposição também conversam para decidir o que fazer em relação à presidência. Como são minoria na Câmara – quatro contra 17 – uma possível chapa própria seria muito mais simbólica. Na visão do vereador eleito Thiago Morastoni (PT), uma decisão deste tipo mostraria força e firmaria a oposição com uma voz mais ativa diante da desigualdade numérica.
– Ainda não temos nada definido e depende do cenário que virá da situação para apoiarmos uma candidatura ou lançarmos a nossa. E as conversas serão aprimoradas a partir do dia 18, depois das diplomações – pondera.
Angioletti abre mão de tentar a reeleição em Balneário
Em Balneário Camboriú, o presidente Orlando Angioletti Júnior (DEM) também não quer concorrer novamente ao cargo. Ele comenta que até foi convidado para a disputa, mas não aceitou por avaliar que a missão à frente da Casa já foi cumprida. O PMDB, partido que mais elegeu vereadores – quatro – deve ter um candidato único, ainda não informado, que receberia os votos de toda a base aliada do prefeito Edson Piriquito (PMDB).
Continua depois da publicidade
Segundo informações de bastidores, esse nome já foi definido e faltaria apenas aparar algumas arestas com outro postulante a candidato para divulgar oficialmente o escolhido. A oposição aposta que se o PMDB realmente comandar a Casa, os outros partidos que apoiaram a eleição de Piriquito podem se sentir desprestigiados. Com isso a oposição teria condições de buscar apoio nestas legendas – garantindo, quem sabe, viabilidade a uma segunda via na disputa presidencial.
– Os partidos devem agir de forma independente. Alguns podem ter a consciência que compõem o governo, mas não precisam ser necessariamente capachos. Vamos aguardar a posição da base aliada, porque somos minoria e temos uma única bala no rifle. Não podemos errar o tiro – analisa o vereador Claudir Maciel (PSD).
Cargo pode influenciar futuro político
A eleição presidencial na Câmara de Vereadores pode refletir mais à frente no cenário político, em composições de governo e alianças políticas. O cientista político José Everton da Silva analisa que, quando uma base aliada se divide para eleger o presidente, ela perde a oportunidade de se fortalecer.
Para haver mais governabilidade e bom relacionamento entre as legendas seria recomendável um acordo para que cada partido comandasse a Casa por dois dos quatro anos de mandato.
Continua depois da publicidade
– Não é uma regra, mas situações como as de Itajaí podem evidenciar que no futuro teremos algumas decisões contraditórias, mostrando que a situação pode não estar tão unida quanto parece – aponta.
Presidir o Legislativo também dá muito mais visibilidade ao vereador, e isso conta pontos em outro processo político: a sucessão dos prefeitos em 2016. José Everton indica, no entanto, que quem assume o comando nos primeiros anos corre o risco de sofrer mais com os ataques oposicionistas.
– A menos que não tenhamos rotatividade e o presidente seja o mesmo durante os quatro anos, agora ainda é muito cedo para influenciar na sucessão. Mas com certeza este cargo, principalmente em um ambiente político sem sucessor claro e natural como ocorre em Itajaí e Balneário, é importante para 2016 – completa.