O rendimento da poupança conseguiu ganhar da inflação em 2022, no primeiro retorno real deste tipo de aplicação desde 2018, segundo levantamento feito por Einar Rivero, da consultoria Trade Map. O retorno para os investidores superou a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2% no ano passado. Mesmo assim, a poupança passou longe de ser o tipo de investimento que mais deu retorno.
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Outro levantamento realizado por Rivero mostra, por exemplo, que o CDI, título de dívida negociado entre bancos que segue de perto a taxa básica de juros e é usado como referência para o retorno de fundos de renda fixa, teve alta real de 6,24%. O levantamento também leva em consideração fundos de investimentos, de títulos públicos e de dividendos.
Entre os 13 tipos de aplicação financeira considerados pela Trad Map, o bitcoin teve o pior desempenho, com retorno negativo real de 68%.
O indicador de referência com melhor desempenho em 2022 foi o IHFA, índice da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) que tem como base fundos multimercados, que podem ter diversos tipos de ativo em sua composição. O rendimento real do índice ficou em 7,45%.
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Em seguida vem o índice de ações de empresas que mais pagam dividendos na Bolsa, o IDIV, com rendimento de 6,49%. Logo depois do CDI, outro retorno positivo em 2022 veio do IMA Geral, também da Anbima, composto por títulos públicos, com 3,66% acima da inflação no ano passado. A poupança completa o ranking de investimentos com rendimento real positivo.
O Ibovespa teve perda de 1,04%, descontada a inflação. O dólar Ptax e o ouro tiveram retorno negativo de 11,61% e 13,49%, respectivamente.
Há uma regra para o retorno fixado da poupança que muda de acordo com o patamar da taxa Selic. Se os juros estiverem acima de 8,50% ao ano, o investimento rende o tradicional 0,50% ao mês acrescido da TR (Taxa Referencial). Caso os juros fiquem abaixo desse patamar, a poupança passa a render 80% da Selic.
Projeções para 2023
As projeções do Boletim Focus, do Banco Central, indicam que o ano de 2023 deve terminar com os juros em 11,75% ao ano, o que deve manter a poupança com rendimento de 0,50% ao ano mais TR.
Mas na visão de Tiago Reis, da Suno Research, a poupança não é e continuará não sendo a melhor opção para os investidores.
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— Essa afirmação acaba sendo um consenso no mercado, já que existem alternativas de investimento tão ou mais seguras que a poupança, e que proporcionam um rendimento superior a ela — afirma Reis.
Ele cita opções que têm riscos tão baixos quanto os da poupança, mas oferecem retornos maiores, como títulos públicos, CDBs (títulos emitidos por bancos) e fundos de renda fixa.
Filipe Ferreira, diretor de Negócios da consultoria Comdinheiro, projeta que os juros devem continuar acima dos 8,50% ao ano por um bom tempo. Mas concorda que outras alternativas de investimentos são mais interessantes.
— No caso dos fundos de renda fixa, é importante procurar aqueles que ofereçam taxa de administração zero. É importante fugir de fundos que cobram taxas de 1% ao ano, por exemplo. Aqueles que cobram até 0,2% podem até servir, mas o ideal é que realmente seja taxa zero — ressalta Ferreira.
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