Na saída da cerimônia de posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, a presidente Dilma Rousseff foi questionada sobre o anúncio de mudanças na caderneta de poupança, mas evitou comentar o assunto com a imprensa. Justificou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, falará sobre o tema durante a tarde desta quinta-feira.
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– Não vou falar agora. O Guido vai falar de tarde – afirmou a presidente.
O governo deve anunciar uma mudança no rendimento da caderneta de poupança. Segundo fontes próximas às negociações, a proposta que será apresentada prevê correção mensal pelo equivalente a 70% da taxa básica de juros, a Selic, mais a variação da Taxa Referencial (TR).
Isso valerá sempre que a Selic estiver em 8,50% ao ano ou em patamar menor. Se a taxa estiver acima disso, o rendimento continuará sendo o atual: 0,5% ao mês mais a variação da TR.
A mudança não afetará as poupanças antigas, mas apenas as que forem abertas agora ou novos depósitos nas contas já existentes.
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A medida abrirá espaço para o Banco Central continuar a reduzir os juros como defende a presidente Dilma Rousseff.
COMO É HOJE
A poupança rende 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR), que é uma média calculada sobre rendimentos em CDB e atualmente está próxima de zero. O rendimento líquido é de pelo menos 6,17% ao ano. Dependendo da TR, pode subir.
ENTENDA O CENÁRIO
O PROBLEMA DOS APLICADORES
Quando o juro básico (Selic) cai muito, as aplicações em fundos de investimentos podem ter remuneração até menor do que a da caderneta de poupança, pois esta está livre de imposto. Em estudo da Anefac, foram feitos 20 cenários possíveis de rentabilidade dos fundos e da taxa de administração cobrada pelos bancos. Com a Selic a 9%, os fundos só são mais rentáveis em quatro cenários: fundo com taxa de 0,5% ao ano aplicado pelo período de seis meses a um ano (IR de 20%), um ano a dois anos (IR de 17,5%) e acima de dois anos (IR de 15%), além de fundo com taxa de 1% aplicado por mais de dois anos.
O PROBLEMA DO GOVERNO
Se houver uma corrida às cadernetas de poupança, os bancos terão de oferecer mais recursos do que ofertam atualmente para o mercado imobiliário, porque 65% dos recursos depositados na poupança têm de ser aplicados nesse mercado. Mas o maior problema para o governo é o fato de que grande parte dos fundos tem em suas carteiras títulos da dívida pública. Ao aplicar, o investidor ajuda a refinanciar essa dívida. Se não houver aplicadores – na prática, pessoas comprando títulos da dívida do governo -, o débito não é rolado, e é preciso desembolsar dinheiro para quitar.
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