A menos de um mês do primeiro jogo da Copa das Confederações, Salvador não tem a ilusão de receber um grande fluxo de turistas estrangeiros: prepara suas atrações para encantar os brasileiros, que formam 95% do público que irá aos três jogos na Fonte Nova.
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– Não temos a ilusão de que a Copa das Confederações vai mudar significativamente o fluxo turístico. Quantos brasileiros foram à da África? Quem se lembra da seleção vencedora? – questiona o secretário de desenvolvimento, cultura e turismo da cidade, Guilherme Bellintani.
Na Bahia, a Copa das Confederações acabou sendo superestimada. Hoje, gestores públicos e iniciativa privada veem o evento como um aquecimento: a grande festa ficará mesmo para o ano que vem. Segundo o presidente da seção baiana da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), Manoel Garrido, só houve aumento no número de reservas para o período do jogo Brasil e Itália, dia 22 de junho.
– Vendo o histórico do evento em outros países, o público sempre foi prioritariamente regional – diz Garrido.
Bellintani explica que o foco será no preparo da cidade para torcedores e imprensa brasileiros – estrangeiros só compraram 5% dos ingressos para as partidas na Fonte Nova. Grande parte do investimento tem sido voltada para a infraestrutura urbana, especialmente no que diz respeito a limpeza, requalificação das vias de acesso ao estádio, passeios e estacionamentos, operação tapa-buracos e um programa de trânsito e transporte.
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– Foram dois anos de planejamento envolvendo município e estado. O empenho não mudou com a notícia de que o metrô não ficaria pronto a tempo – reforça o gestor do Escritório Municipal para a Copa, Isaac Edington.
Apesar do pouco oba-oba em torno do evento na cidade, quem vier a Salvador para assistir aos jogos não ficará desamparado em termos de diversão. Haverá três telões instalados nos bairros de Cajazeiras, Ribeira e Jardim de Alá. Depois das partidas, a prefeitura decidiu apoiar atividades já existentes no período em torno das tradicionais festas juninas do nordeste, em especial as de São João e Santo Antônio. Artistas locais com carreiras focadas no turismo também têm grandes expectativas. É o caso do Grupo Internacional Capoeira Topázio. Com 25 anos de história e alunos espalhados por 25 países, o grupo tem sede em Salvador e, além das aulas para baianos e turistas, realiza shows folclóricos num restaurante no Centro Histórico de segunda a sábado. O contramestre do Topázio, Rudson Reis, acredita que o evento aumentará a plateia.
– É pouco para quem faz grandes eventos, mas para quem se apresenta em espaços menores, com certeza será casa cheia – aposta.
Reis, que também é professor de capoeira do Cirque Du Soleil e representou o Brasil no reality show americano Q’Viva The Chosen, apresentado por Jennifer Lopez e Marc Anthony, acredita em oportunidades inesperadas.
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– Tantas coisas aconteceram para nós porque alguém viu nosso trabalho, como no caso do programa. Agora isso pode acontecer de novo.
O governo estadual está investindo forte em atrações para o mês de junho – na capital e no interior. O projeto “Cultura em Campo”, vai espalhar 120 apresentações de música, teatro, dança, artes plásticas e artes visuais, sempre de graça ou a preços populares. Entre os nomes que sobem aos palcos estão Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Márcia Castro, Moreno Veloso, Curumin, Anelis Assumpção, Karina Buhr, Margareth Menezes, Orquestra Sinfônica da Bahia, Lazzo Matumbi, Marcia Short, Juliana Ribeiro e Mariella Santiago.
– Vemos o futebol como parte da cultura brasileira, e é essa cultura que queremos aproveitar para mostrar num momento de tanta visibilidade internacional – afirma o secretário estadual de Cultura, Albino Rubim.