Empresários de postos de combustíveis de Santa Catarina já preparam um aumento dos preços da gasolina e do etanol nas bombas a partir desta quarta-feira (1º), mas ainda não sabem de quanto. A sinalização do reajuste de percentual incerto se deve à imprevisibilidade do governo Lula (PT), que confirmou, nesta segunda (27), a volta dos impostos federais sobre os dois combustíveis, mas sem anunciar qual será de fato a alíquota cobrada, o que é alvo de críticas do setor no Estado.
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A gasolina e o etanol contam com previsão de ser comercializados com impostos federais reduzidos a zero até esta terça (28), conforme estabeleceu uma medida provisória assinada por Lula em 1º de janeiro. Até então, a volta da cobrança acrescentaria R$ 0,69 ao preço da gasolina por litro e mais R$ 0,24 ao do etanol. No entanto, a dois dias da retomada, o governo federal passou a falar em uma reoneração parcial, que seria maior sobre o primeiro dos combustíveis, por ser de origem fóssil.
— Ninguém consegue trabalhar direito, se programar. Se houver aumento, isso já pesa no bolso do empresário, porque ele precisa ter um capital de giro, e do consumidor. O que não pode, em português claro, é o governo deixar para tomar a decisão aos 45 minutos do segundo tempo. Em dois meses, já houve tempo o suficiente para o governo atual tomar uma decisão — diz César Martinho Ferreira Júnior, diretor-executivo do Sincombustíveis, que representa varejistas da região de Itajaí.
A medida provisória hoje vigente já chegou ao empresariado também sob imprevisibilidade. Na troca do governo, Lula havia indicado que não daria sequência à desoneração aplicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas voltou atrás e, na tarde de seu primeiro dia de gestão, manteve os impostos zerados. Na ocasião, os postos que compraram combustíveis das distribuidoras pela manhã receberam o produtos com a incidência de impostos, que acabaram sendo repassados aos consumidores finais.
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Assim como no vai-vém anterior, a decisão agora sobre os impostos opõe a equipe econômica, que vê uma perda de R$ 28 bilhões em arrecadação com a desoneração, e a ala política do governo Lula, que põe em questão a impopularidade e a eventual inflação provocada pela volta da cobrança.
— Isso é muito ruim. No início do ano, você começou o dia com a gasolina onerada, mas, no meio do dia, veio a prorrogação. Mas isso é política, é uma decisão de peso político, então fica tudo para em cima da hora — diz Joel Fernandes, vice-presidente do Sindópolis, que atua na Grande Florianópolis.
César Martinho, do Sincombustíveis, diz que só terá estimativa do real aumento quando houver alguma medida formalizada pelo Diário Oficial da União (DOU). O representante do Sindópolis, por sua vez, afirma já ser certo ao menos que o impacto será negativo para o setor, uma vez que o consumidor já estaria em condição econômica crítica e, portanto, seria mais sensível a reajustes.
Fernandes acrescenta ainda que, passada a discussão sobre os impostos federais, o governo Lula ainda precisará por em discussão a política de preços da Petrobras, que atrela valores ao mercado internacional. O assunto está hoje fora de pauta, segundo ele, devido ao dólar estar estabilizado, mas exige atenção, também pela insegurança a longo prazo, o que foi visto no governo Bolsonaro.
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