Donos de postos de combustíveis da Capital temem a falta de gasolina na última semana de 2012. O desabastecimento inédito de 23 postos da Grande Florianópolis nos dias 29 e 30 de novembro abriu precedente para novas preocupações com a escassez do combustível, ainda mais com o pico de consumo de final de ano.

Continua depois da publicidade

O Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) já alertou que a distribuição de gasolina no país está no limite. O aumento do consumo atingiu uma disparidade recorde com o crescimento do PIB. Enquanto as previsões do Banco Central apontam para um incremento de 1% no PIB, o Sindicom espera que o consumo de combustível suba 6,3% em 2012.

A Petrobras nunca comprou tanta gasolina de outros países como agora, além de admitir deficiências logísticas no seu fornecimento.

Em novembro, como explica Valmir Espíndola, presidente do Sindicato de Revendedores Varejistas de Combustíveis (Sindicomb) da Grande Florianópolis, a distribuidora da Petrobras em Antônio Carlos ultrapassou as cotas permitidas de venda para os postos até ficar sem diesel e gasolina nos dias 29 e 30 de novembro.

Continua depois da publicidade

Os postos que tinham caminhão próprio para transportar combustível, tiveram que ir até as distribuidoras de Guaramirim, no Norte, ou de Araucária, no Paraná, porque a de Itajaí também estava com problemas. Nesse caso, ficaram sem gasolina e diesel por determinados períodos dos últimos dias do mês.

Já os que não tinham caminhão próprio, passaram dias completos sem combustível. É o caso do Rita Maria, no Centro de Florianópolis, que ficou desabastecido no dia 30, sexta, e no sábado e domingo seguintes. Espíndola, que também é dono do posto, conta que perdeu R$ 14 mil ao dia. O empresário chegou a mandar uma notificação para a Petrobras, ameaçando cancelar o contrato de distribuição caso a falta de combustível se repetisse.

Nesta sexta-feira, segundo o presidente do Sindicomb, a distribuidora de Antônio Carlos, estava novamente sem diesel. Espíndola diz nunca ter acompanhado situação tão crítica de desabastecimento desde que está à frente do Sindicato, há 12 anos. O presidente afirma que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) garantiu durante uma reunião em Itajaí que a falta de combustível não voltaria a ocorrer. Apesar da desconfiança sobre a declaração, Espíndola acredita que o litoral do Estado não deverá sofrer com a falta de gasolina novamente. Segundo ele, nessa época do ano, e como acontece em todo final de mês, o combustível é deslocado do interior do país para áreas de maior consumo.

Continua depois da publicidade

Já o dono dos postos Nienkötter, Aldo Nienkötter, diz estar preocupado com um novo desabastecimento, apesar de não ter recebido um informação oficial.

– Em novembro, não acendemos uma luz amarela de falta de combustível, mas uma luz vermelha. E essa falta abriu precedentes para novas. Estou preocupado com a escassez em todo o período de férias, a partir de agora até o Carnaval. E principalmente com as vésperas de Natal. A base de Antônio Carlos vai trabalhar sábado e domingo só das 6h às 11h (da manhã), e não vai trabalhar na segunda. Mas os postos trabalham 24 horas e não vão conseguir fazer novos pedidos – disse.

O dono do posto Viaduto, em São José, Márcio Ramos, garantiu diesel e gasolina até 26 de dezembro. Ontem de manhã, segundo ele, a distribuidora de Antônio Carlos informou que terá combustível até quarta-feira. Mas a partir daí e até a virada do ano, não há garantias. Tudo depende do consumo no Natal.

Continua depois da publicidade

No final de novembro, Márcio, que tem caminhão próprio, teve que mandar buscar combustível na distribuidora da Petrobras em Itajaí. Mas, assim como a base mais próxima, a de Antônio Carlos, a de Itajaí também estava com problemas de abastecimento. Márcio conseguiu menos gasolina do que precisava e acabou vendendo o combustível mais rápido do que previa. Resultado: na sexta feira, 30 de novembro, o posto Viaduto ficou sem gasolina aditivada durante o dia todo. Outro posto da rede que pertence à sua família ficou sem nenhum tipo de gasolina da sexta-feira à tarde até sábado de manhã.

O lucro perdido entre os dois postos, segundo Márcio, foi de R$ 1,2 mil. Sem falar o prejuízo com as três viagens para Itajaí. Em cada uma, o caminhão gastou R$ 400 a mais do que na rota para Antônio Carlos. Márcio diz ter se preparado para o final do ano, porque a distribuidora de Antônio Carlos havia alertado sobre a possibilidade de uma nova escassez.

Por meio da sua assessoria de imprensa, a Petrobras informou que descarta risco de desabastecimento no país.

Continua depois da publicidade

Sobre o aumento da gasolina em 2013, confirmado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente do Sindicato de Revendedores Varejistas de Combustíveis (Sindicomb), Valmir Espíndola, estima um reajuste de 13% nas refinarias. Ele ainda não sabe exatamente quanto os consumidores vão pagar a mais, esperando uma intervenção do governo no preço.