Os representantes dos setores de carne de porco e frango no Rio Grande do Sul se dividiram sobre o efeito da aprovação da fusão entre Sadia e Perdigão sobre produtores e consumidores. Enquanto o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) falou da possibilidade de perda de rentabilidade, o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, acredita que a solidez da empresa traz mais confiança aos fornecedores. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão que cria a empresa BRF Brasil Foods nesta quarta-feira.

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Folador destaca que desde 2009, quando foi anunciada a fusão, os produtores gaúchos já estão tendo de se adaptar a exigências maiores de padronização e precisam gastar mais em investimentos na produção para seguir fornecendo para a BRF Brasil Foods. Ele acredita que com a aprovação os ganhos dos produtores podem se reduzir um pouco mais:

– Com a concentração, o produtor pode acabar ganhando menos por ter menos opções de para quem ofertar a produção.

Quanto à possibilidade de fechamento de unidades da empresa no RS, ele destaca que isso não deve trazer maiores prejuízos para o Estado, porque as unidades à venda devem despertar o interesse de empresas que desejam aumentar o poder de concorrência com a BRF.

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Já para o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, a solidez da gigante dos alimentos traz segurança ao integrado, que enxerga garantias na compra de sua produção. Segundo Turra, a entidade fez uma pesquisa com os associados e a maioria deles apontou que se sente seguro com a fusão das empresas.

– Se há perdas, elas se devem à demora de aprovação do negócio.

Entenda o negócio

>> A votação

Na sessão desta quarta-feira, 13 de julho, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão entre Sadia e Perdigão por quatro votos a favor e um contra, na sede da autarquia, em Brasília. Segundo o conselheiro Olavo Zago Chinaglia este é “agora o maior caso da história do órgão”. A fusão das empresas Sadia e Perdigão cria uma gigante do setor de alimentos.

>> A empresa

A BRF Brasil Foods, que atualmente é a razão social da Perdigão, foi criada depois da associação entre a Perdigão e a Sadia, anunciada em maio de 2009. No ano passado, a BRF registrou um lucro líquido de R$ 23 bilhões. É uma das maiores exportadoras em nível mundial de aves e conta com 113.000 funcionários no Brasil. Sadia e Perdigão dominam 57% do mercado brasileiro da carne industrializada, 69% dos congelados de carne, 82% das massas prontas e 78% das pizzas congeladas, segundo dados da BRF.

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>> As restrições

O Conselho condicionou a operação à suspensão da marca Perdigão por três ou cinco anos, dependendo do setor, exclusivamente no mercado interno, e à proibição de criação de novas marcas por parte da sociedade resultante da fusão. Já a marca Batavo não será mais uma processadora de carnes por quatro anos, mas pode seguir normalmente em produtos lácteos. Pelo acordo, também está previsto que sejam vendidas dez fábricas, quatro matadouros, doze granjas, quatro fábricas de ração e oito centros de distribuição.