Brasília já respira posse. Às vésperas da cerimônia, o cenário na cidade é de expectativa não só política, mas também econômica. Isso porque são esperadas cerca de 300 mil pessoas para o evento que abre o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Destas, cerca de 150 mil não moram na Capital. Assim, hotéis, bares e restaurantes já têm reservas próximas à capacidade máxima para a chegada do novo ano.

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O presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Distrito Federal (Sindhobar-DF), Jael Antônio Silva, tem projeções otimistas para a virada.

— A nossa expectativa é 90% a 95% de lotação, seja nos setores hoteleiros Norte ou Sul [mais próximos à Esplanada dos Ministérios] ou nas regiões administrativas — estima.

Segundo Silva, além da posse, a chegada de 2023 também representa o primeiro Ano-Novo sem maiores limitações desde a pandemia de Covid-19 — que afetou, principalmente, o turismo.

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— Está todo mundo muito esperançoso de que a gente tenha os mesmos números de 2019 — diz, referindo-se ao último ano sem medidas restritivas em função da crise sanitária.

Conforme ele, a rede hoteleira tem expectativa de se recuperar plenamente apenas em 2023, e esse evento terá certamente uma influência na retomada.

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Porém, mesmo com os índices altos, nem todos os visitantes que vão à posse estão registrados em hotéis ou pousadas. A jornalista Camila Cunha só veio à Capital porque já tinha onde dormir.

— Se tivesse de procurar hospedagem, pensaria duas vezes. Meu modo de viajar é muito econômico — explica a porto-alegrense.

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Ela aterrissou em Brasília na madrugada de terça-feira (27), quando muitas das hospedarias já não efetuavam mais reservas em função da alta procura.

A maré parece boa para todos os tipos de negócios. No varejo, o comerciante Francisco Lino veio de São Paulo com estampas do presidente eleito ou do Partido dos Trabalhadores (PT). Em meio às faixas e camisas, conta que carregava cerca de R$ 350 em mercadorias — e queria vender tudo antes mesmo do dia 1º.

— Vai ser um recorde na história da República. Vou cobrir o custo dos produtos e ainda curtir a posse — fala Francisco, que compareceu também à cerimônia da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

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Clima de ameaça e medo

Servidor terceirizado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Alef Almeida, 29, observava o gramado da Esplanada quando abordado pela reportagem.

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— Eles trabalham muito rápido, estão arrochando mesmo — comentou, à boca pequena.

Ainda assim, ele não vai comparecer ao evento. A razão? Os diversos atos de vandalismo, frustrados ou não, que se sucedem na capital da República às vésperas de 2023. Com acampamento em frente ao Forte Caxias, o quartel-general do Exército Brasileiro, manifestantes foram às ruas em algumas oportunidades o que tem causado medo na população.

— Eu não venho por questão desses atentados mesmo. Prefiro ficar em casa, com a família, seguro — completa Alef.

As manifestações também causam receio a Jael. Na última segunda-feira (26), uma reunião entre a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) e representantes de estabelecimentos selou o reforço no policiamento de áreas específicas, como os setores hoteleiros e alguns bares e restaurantes na área central da Capital.

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— Os últimos acontecimentos, como atos terroristas, vandalismo, greve dos aeroviários, podem desestimular os turistas. Tem alguns estabelecimentos que contrataram segurança extra para observar os acontecimentos — finaliza Silva.

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A jornalista Camila também revela certos receios. Ela, entretanto, não se deixa abalar pelas ameaças vindas dos grupos antidemocráticos. Segundo diz, é exatamente esse o plano de quem ameaça à democracia.

— Confio muito na segurança do evento e, se acontecer algo, eu corro. Não pode se deixar levar por esses ataques. O que eles querem é justamente espalhar medo e esvaziar o evento — explica.

* De Brasília, especial para o NSC Total

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