Os portos de Santa Catarina vão receber neste ano pelo menos R$ 500 milhões em investimentos do governo federal e estadual. A maioria das obras vai permitir que os terminais recebam navios maiores, adequando-os às novas demandas do mercado internacional.

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presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, afirma que o Estado tem uma estrutura portuária que se destaca dos demais terminais do país, com 17% do total nacional de contêineres passando por Santa Catarina.

Para ele, os investimentos na adaptação dos canais para navios maiores são fundamentais. Em 2014, a Fiesc sugeriu um orçamento de R$ 590 milhões para melhorias nos acessos dos terminais públicos. Apesar da necessidade de fazer melhorias no sistema portuário, o principal problema no escoamento da produção catarinense ainda é a infraestrutura rodoviária.

– O transporte de um produto que sai do Extremo-Oeste do Estado é mais caro que o de uma mercadoria que vem da Europa. Temos uma indústria diversificada, com produtos que chegam aos portos mais caros pelo custo do transporte, perdendo competitividade no mercado mundial – argumentou o presidente.

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Côrte analisa que é preciso melhorar as rodovias e construir ferrovias. O estudo mais recente de uma estrutura ferroviária, a chamada Ferrovia do Frango, no entanto, ainda nem se tornou projeto e, para ele, nem mesmo este está assegurado.

Na reportagem a seguir, confira o que os portos catarinenses estão fazendo para ampliar a sua capacidade de receber embarcações e o resultado das importações e exportações em 2013.

Expansão em Imbituba

Depois de quase 70 anos de concessão e de uma administração insatisfatória, na visão do governo catarinense, a Companhia Docas de Imbituba (CDI) perdeu, no final de 2012, a administração do principal porto do Sul do Estado para o governo estadual. Em 2014, no segundo ano da gestão da SC Parcerias (SCPar, o braço empreendedor do governo), o Porto de Imbituba vai receber R$ 88 milhões em investimentos.

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Do total, R$ 38 milhões (R$ 33 milhões da União e R$ 5 milhões do governo do Estado) serão para aumentar a capacidade do terminal e R$ 50 milhões para obras em estradas e vias de acesso ao porto.

Uma dragagem vai aumentar a profundidade do canal de acesso dos navios dos atuais 15 metros para 17 metros, da bacia de evolução (área de manobra) de 13 para 15,5 metros e dos berços de atracação de 12,5 para 15 metros, permitindo a operação de navios maiores. Serão feitas também melhorias da estrutura do porto, como obras na pavimentação, sinalização e renovação das portarias.

De acordo com Rogério Pupo, presidente da SCPar Porto de Imbituba, a draga que fará o trabalho foi a mesma que fez as ilhas artificiais de Dubai, nos Emirados Árabes. A alta tecnologia da máquina, segundo o presidente, vai garantir a conclusão das obras em tempo recorde.

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O restante do valor do investimento, R$ 50 milhões, será destinado por Santa Catarina para obras em estradas e vias de acesso ao porto. Pupo afirma que até fevereiro as obras devem estar licitadas com previsão de início ainda neste ano.

Novo berço em São Francisco

O Porto de São Francisco do Sul é o segundo maior porto do país em movimentação de carga não-conteinerizada (movimenta 12% dos grãos exportados pelo Brasil) e recebeu investimentos de mais de R$ 40 milhões em 2013 para ampliar sua capacidade operacional. Para o presidente, Paulo Corsi, um novo berço de atracação foi o principal alvo dos investimentos, inaugurado em novembro com a presença da presidente Dilma Rousseff.

– A previsão é que esta obra aumente a capacidade do porto em 20% em 2014. Desde o início de dezembro, o novo berço está sendo bastante utilizado.

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Para os primeiros meses de 2014, a principal novidade é a implantação de um sistema de reconhecimento óptico de caracteres (OCR). Instalado no portão do terminal, ele faz o reconhecimento das placas dos caminhões e a numeração dos contêineres.

Corsi afirma que os investimentos citados fazem parte de um plano de recuperação do Porto de São Francisco, que começou há sete anos e já contou com R$ 200 milhões. Segundo ele, o projeto prevê a adaptação do terminal ao mercado mundial, com operações eficientes e capacidade para navios maiores.

O presidente analisa que, embora os investimentos nos portos catarinenses em 2013 e 2014 não sejam novidade – já que os terminais portuários precisam constantemente de obras – as melhorias são relevantes, pois adequam as estruturas às demandas do mercado internacional.

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Em relação a 2012, as exportações cresceram 26% e as importações 50%, em Santa Catarina. O aquecimento do mercado de produção agrícola e a capacidade do porto em absorver o aumento da demanda explicam a expansão.

Investimento para alargar canais em Itajaí

O segundo maior porto brasileiro em movimentação de contêineres, atrás somente do complexo de Santos, deve receber neste ano R$ 417 milhões em investimentos dos governos federal e estadual. Destes, R$ 300 milhões estão previstos para obras de alargamento dos canais de acesso e uma nova bacia de evolução no leito do rio Itajaí-Açu. O restante, um recurso da União, irá para o realinhamento de um berço de atracação no cais público.

Osmari Castilho, superintendente da Portonave, administradora do terminal de Navegantes, afirma que o complexo vive um momento de alta competitividade no mercado nacional e internacional, principalmente pela capacidade de operação de navios maiores e o consequente aumento no volume de cargas movimentado (em 2013 houve crescimento de 9%).

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Esse aumento, segundo Castilho, reflete em toda a cadeia de serviços que envolvem toda a economia da região, um total de 20 mil empregos, conforme estudo conduzido pelo complexo portuário de Itajaí.

Como os navios estão ficando ainda maiores – para este ano a previsão é receber embarcações de 366 metros, 32 metros a mais do que o porto recebe atualmente – a nova bacia de evolução é prioritária. De acordo com Castilho, sem ela o porto deixaria de arrecadar R$ 30 milhões mensais.

Ampliação em Itapoá

O porto de Itapoá vai iniciar em 2014 o seu projeto de ampliação, que vai aumentar em 300% a capacidade de movimentação de cargas. Hoje, o terminal possui uma estrutura de 156 mil m², capaz de movimentar por ano 500 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Depois de ampliado, a estrutura terá uma área de 450 mil m² e uma capacidade de movimentação de aproximadamente 2 milhões de TEUs ao ano.

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A previsão é que no primeiro semestre deste ano, o terminal consiga as licenças ambientais e operacionais para que, a partir do segundo segundo semestre, dê início às obras.

Itapoá teve um volume expressivo de importações em 2013, referente às cargas movimentadas pela BMW, que já iniciou as obras da fábrica em Araquari, no Norte do Estado.

Nas exportações, os destaques são os produtos refrigerados, devido à forte vocação catarinense e paranaense na indústria frigorífica, especialmente de frangos e suínos. A indústria metalmecânica da região Norte de Santa Catarina também aumentou sua representatividade no total exportado pelo porto em 2013.

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