O Black Sabbath já se apresentou em Porto Alegre sem Ozzy Osbourne, e Ozzy também passou pela Capital em carreira solo. Mostraram, em dois shows memoráveis no Gigantinho, que conseguiram seguir adiante separados, em meio aos ressentimentos da ruptura forçada, das disputas legais e dos flertes que volta e meia acenavam a reconciliação sempre frustrada pelo conflito de interesses.

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Que não seja imortal, posto que é labareda, mas que seja infinito enquanto dure: esse é o clima da renovação de votos que reúne sobre o palco, mais uma vez, o Black Sabbath e seu sequelado príncipe da trevas. E é a razão que explica os ingressos esgotados com antecedência para o espetáculo desta quarta no estacionamento da Fiergs.

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Jovens cabeludos e senhores carecas que estarão batendo ponto e cabeça logo mais à noite querem fazer parte da celebração, ver ao vivo a banda histórica recém-descoberta ou fechar os olhos e lembrar os anos em que ouvir Sabbath com o volume no talo fazia vidros tremerem e pais esmurrarem a porta do quarto – cenário que se repetirá até o fim dos tempos por ser a paixão pelo heavy metal uma relação hormonal, impressa no DNA e sustentada pela fidelidade e cumplicidade entre ídolo e fã.

O redivivo Black Sabbath ilustra a confluência de duas ricas trajetórias. Ozzy foi expulso da banda em 1979 por conta dos excessos químicos e etílicos. Entre os oito discos que gravou desde 1970 com o guitarrista e amigo de colégio Tony Iommi, o baixista Terry “Geezer” Butler e o baterista Bill Ward, estão seis clássicos: Black Sabbath, Paranoid, Master of Reality, Black Sabbath Vol. 4 , Sabbath Bloody Sabbath e Sabotage.

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Ozzy deu início à bem-sucedida carreira solo levado pela mão de sua mulher e empresária durona Sharon. O Sabbath viveu grande fase nos começo dos anos 1980 com Ronnie James Dio nos vocais, e períodos de baixa, com Iommi segurando o estandarte com diferentes formações.

Foi com Dio que o Sabbath tocou na Capital em 1992, curiosamente também sem o baterista Bill Ward. Na ocasião, Vinny Appice segurou as baquetas. Agora, o posto é de Tommy Clufetos, baterista que Ozzy pinçou da banda que tocou com ele no Gigantinho em 2011.

Por desacerto financeiro, Ward pulou fora, ou foi limado, conforme a versão, às vésperas desta nova reunião do Sabbath – que engrenou de forma mais consistente que as anteriores e deu origem ao disco com canções inéditas 13, lançado em junho. Brad Wilk, do Rage Against the Machine, bateu os tambores no álbum. Com boa recepção de fãs e críticos, por conta da sonoridade que remete às profundezas ruidosas dos primeiros trabalhos da banda, 13 é o primeiro disco de Sabbath com o Ozzy desde Never Say Die! (1978) e o primeiro com o nome da banda desde Forbidden (1995) – a formação original lançou o álbum duplo ao vivo Reunion (1998), com duas faixas inéditas.

O repertório com 17 músicas (veja ao lado) que Ozzy, 64 anos, Iommi, 65, e Butler, 64, escolheram para a turnê garante cerca de uma hora e meia de show, com War Pigs, Iron Man e Paranoid, entre outras hinos obrigatórios, e quatro faixas de 13. O fã mais exigente pode questionar a rigidez do set list que pouca esperança abre para surpresas e a inclusão de faixas nada memoráveis como Dirty Women (do fraco Technical Ecstasy, disco de 1976), deixando de fora tanta coisa boa. Mas é isso: o show nem começou e já sabemos que queremos mais.

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Provável set list:

> War Pigs

> Into the Void

> Under the Sun/Every Day Comes and Goes

> Snowblind

> Age of Reason

> Black Sabbath

> Behind the Wall of Sleep

(Solo de Geezer Butler)

> N.I.B.

> End of the Beginning

> Fairies Wear Boots

> Rat Salad

(Solo de Tommy Clufetos)

> Iron Man

> God Is Dead?

> Dirty Women

> Children of the Grave

BIS:

> Paranoid

> Sabbath Bloody Sabbath (introdução)

> Zeitgeist