Produtoras, cantoras, compositoras e instrumentistas que atuam na cena da música catarinense podem se cadastrar no portal Elas por Elas: Mulher na Música Catarinense. O portal vai levantar dados cartográficos de artistas profissionais que atuam em três categorias: cultura popular, música contemporânea e música erudita. Contemplada pelo Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2020, da Fundação Catarinense de Cultura, a plataforma será lançada neste sábado (8), às 19h, pelo canal Café Maestro Produções no Youtube, e pelo site oficial.
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Na ocasião do lançamento, o portal vai homenagear mulheres históricas que marcaram a música catarinense – como Rute Gebler, na produção erudita, Neide Mariarrosa, na contemporânea, e Zenaide Maria de Souza, na cultura popular. Como desdobramento do mapa, o Portal pretende ser uma espécie de palco virtual, aglutinador de produções culturais das profissionais cadastradas, além de fomentar uma rede de articulação entre elas. No espaço Nosso Palco haverá exposição permanente de produções musicais, audiovisuais e debates relacionados aos trabalhos e narrativas das compositoras e cantoras mapeadas.
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A iniciativa é uma maneira de resistir à invisibilidade da produção musical no setor artístico-cultural de Santa Catarina, especialmente protagonizada por mulheres.
– Temos um estado de imensa invisibilidade artístico-cultural – explica a cantora e compositora Tatiana Cobbett, idealizadora do projeto. – Já internamente encontramos muita dificuldade de nos saber e reconhecer, temos pouco ou quase nada de conhecimento do que se faz na música catarinense em outras cidades no geral; no que se refere à mulher, que já padece desta falta de visibilidade, a situação é bem pior.
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Dados censitários e sensíveis
Em um contexto em que gênero é marcador de desigualdade, o projeto busca identificar essas mulheres e suas particularidades na produção musical. Com a proposta de aglutinar os dados censitários, o mapeamento vai trazer informações sobre localidade, idade, origem, racialidade, sexualidade e ocupação na multiplicidade de atuações na esfera musical. A plataforma vai permitir ainda a coleta de “dados sensíveis”, alinhados à subjetividade, à criatividade e às narrativas, incluindo relatos de trajetórias singulares e de processos criativos.
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– O principal é abrir um canal que permita às mulheres na música catarinense darem-se a conhecer, a escutar, a ressoar – diz a pesquisadora em linguística e discurso Nathalia Muller Camozzato, responsável pelo estudo do mapeamento. – Só entenderemos a multiplicidade dessas mulheres em seus diferentes vínculos com a música quando as conhecermos melhor, em suas diversas atuações; quando conhecermos suas narrativas, suas histórias, suas criações.
Conselho editorial
Integram o escopo editorial do site vinte conselheiras, profissionais que atuam diretamente na música e outras que complementam a cena cultural, como jornalistas, produtoras, artistas visuais e pesquisadoras. Entre elas estão cinco compositoras e cantoras integrantes do espetáculo Elas por Elas – Carol Voigt, Dandara Manoela, Iara Germer, Jana Gularte e Tatiana Cobbett -, que apresentou composições autorais ligadas a temáticas das mulheres em turnês pelo estado. Dos encontros desse trabalho nasceu o impulso para conhecer outras produções e potencializar ações coletivas.
– O conselho foi formado a partir do meu convite, tendo como ponto de partida as artistas que já compunham o coletivo do espetáculo Elas por Elas. – relata Tatiana Cobbett. – Depois, por indicação e reconhecimento, cheguei aos outros nomes, distribuídos por diversas regiões do estado e em diversos segmentos.
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Elas por Elas nasce com o desafio ainda maior diante da pandemia de coronavírus, que afetou diretamente profissionais da cultura, cuja atuação é historicamente voltada à aproximação e encontro físico com o público. Nesta situação de confinamento, o espaço virtual passou a ser fundamental para o exercício da profissão. A cartografia vai possibilitar que a classe identifique possibilidades, gargalos e necessidades das mulheres que produzem música em Santa Catarina.
– Acredito que a partir desta consciência sobre que artistas somos, o que fazemos e onde estamos atuando, teremos dados para entender melhor as questões que nos são comuns ou divergentes; e vejo aí um potencial espaço para ações coletivas da classe musical como um todo, além de nos mostrar possíveis fendas entre os próprios segmentos da classe.
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